O Messias, "Príncipe da Paz"

TEMPO DO ADVENTO. PRIMEIRA SEMANA. TERÇA-FEIRA

– A paz, dom de Deus.
– Comunicar alegria e serenidade aos que delas necessitam.
– A filiação divina, fundamento da nossa paz e da nossa alegria.

I. A PAZ é um dos grandes bens constantemente implorados no Antigo Testamento. É um dom prometido ao povo de Israel como recompensa pela sua fidelidade1, e aparece como uma obra de Deusda qual se seguem incontáveis benefícios. Mas a verdadeira paz chegará à terra com a vinda do Messias. Por isso os anjos anunciam cantando: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade3. O Advento e o Natal são tempos especialmente adequados para aumentarmos a paz em nossos corações: são tempos também para pedirmos a paz deste mundo cheio de conflitos e de insatisfações.

Olhai: o Senhor chega com força a fim de visitar o seu povo com a paz e dar-lhe a vida eterna4. Isaías recorda-nos na primeira leitura da Missa que na era messiânica o lobo e o cordeiro habitarão juntos e o leopardo se deitará ao lado do cabrito; o bezerro e o leãozinho pastarão juntos5. Com o Messias, renovam-se a paz e a harmonia do começo da Criação e inaugura-se uma nova ordem.

O Senhor é o Príncipe da paz6, e desde o momento em que nasce traz-nos uma mensagem de paz e de alegria, da única paz verdadeira e da única alegria permanente. Depois, irá semeando-as à sua passagem por todos os caminhos: A paz esteja convosco; sou eu, não temais7. A presença de Cristo em nossas vidas é fonte de uma paz serena e inalterável, sejam quais forem as circunstâncias: Sou eu, não temais, diz-nos Ele.

Os ensinamentos do Senhor constituem a boa nova da paz8. E este é também o tesouro que Ele deixou em herança aos seus discípulos de todos os tempos: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou como a dá o mundo9. “A paz sobre a terra, nascida do amor ao próximo, é imagem e efeito da paz de Cristo, que procede de Deus Pai. Com efeito, o próprio Filho encarnado, Príncipe da paz, reconciliou todos os homens com Deus por meio da sua cruz [...], deu morte ao ódio na sua própria carne e, depois do triunfo da sua ressurreição, infundiu o Espírito de amor no coração dos homens”10. A paz do Senhor transcende por completo a paz do mundo, que pode ser superficial e aparente, resultado talvez do egoísmo e compatível com a injustiça.

Cristo é a nossa paz11 e a nossa alegria; o pecado, pelo contrário, semeia solidão, inquietação e tristeza na alma. A paz do cristão, tão necessária para a convivência, é fruto do combate contra as próprias paixões, sempre inclinadas à desordem.

A confissão sincera dos nossos pecados é um dos principais meios dispostos por Deus para nos restituir a paz perdida pelo pecado ou pela falta de correspondência à graça. “Paz com Deus, efeito da justificação e do afastamento do pecado; paz com o próximo, fruto da caridade difundida pelo Espírito Santo; e paz conosco próprios, a paz da consciência, proveniente da vitória sobre as paixões e sobre o mal”12.

Recuperar a paz, se a tivermos perdido, é uma das melhores manifestações de caridade para com os que estão à nossa volta, e também a primeira tarefa que devemos acometer para prepararmos no nosso coração a vinda do Menino-Deus.

II. NA BEM-AVENTURANÇA em que se anuncia o dom da paz, “o Senhor não se contenta com eliminar toda a discussão e inimizade de uns para com os outros, mas pede-nos alguma coisa mais: que procuremos levar a paz aos que estão em inimizade”13.

O cristão é um homem aberto à paz, e a sua presença deve dar serenidade e alegria. Somos bem-aventurados quando sabemos levar paz aos que estão aflitos, quando servimos como instrumentos de união na família, entre os colegas de trabalho, com todas as pessoas no meio dos acontecimentos da vida de cada dia.

O homem que tem paz no seu coração sabe comunicá-la quase sem se propor fazê-lo, e os outros buscam nele apoio e serenidade; é de grande ajuda na ação apostólica. Já o amargurado, o inquieto e o pessimista, que não têm paz em seu coração, destroem tudo o que encontram à sua passagem.

Serão especialmente louvados por Deus aqueles que velam pela paz entre as nações e trabalham por ela com reta intenção; e, sobretudo, os que oram e se sacrificam para levar os homens a estar em paz com Deus. Este é o primeiro objetivo de qualquer atividade apostólica. O apostolado da Confissão, que nos move a aproximar os nossos amigos deste sacramento, terá com certeza um prêmio especial no Céu, pois este sacramento é verdadeiramente a maior fonte de paz e de alegria no mundo. “Os confessionários espalhados pelo mundo, nos quais os homens manifestam os seus pecados, não falam da severidade de Deus, mas da sua bondade misericordiosa. E os que se aproximam do confessionário, às vezes depois de muitos anos e sob o peso de pecados graves, no momento em que se retiram dele encontram o alívio desejado; encontram a alegria e a serenidade da consciência, que fora da Confissão não poderão encontrar em parte alguma”14.

Os que têm a paz do Senhor e a promovem à sua volta chamar-se-ão filhos de Deus15. São João Crisóstomo explica a razão: “Na verdade, esta foi a obra do Unigênito: unir os que estavam afastados e reconciliar os que estavam em guerra”16. Não poderíamos também nós fomentar neste tempo do Advento uma maior união com Deus das pessoas que nos rodeiam – na família, no lugar de trabalho, entre os amigos – e uma convivência ainda mais amável e mais alegre?

III. “QUANDO O HOMEM esquece o seu destino eterno e o horizonte da sua vida se limita à existência terrena, contenta-se com uma paz fictícia, com uma tranqüilidade meramente exterior, à qual pede a salvaguarda do máximo bem-estar com o mínimo esforço. Deste modo constrói uma paz imperfeita e instável, pois não está radicada na dignidade da pessoa humana, feita à imagem e semelhança de Deus e chamada à filiação divina. Vós jamais deveis contentar-vos com estes sucedâneos da paz; seria um grave erro, cujo fruto produziria a mais amarga das desilusões. Assim o anunciou Jesus Cristo pouco antes da Ascensão ao céu, quando disse aos seus discípulos: Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14, 27).

“Existem, portanto, dois tipos de paz: a que os homens são capazes de construir por si próprios, e a que é dom de Deus; [...] a que resulta do poder das armas e a que nasce do coração.   A PRIMEIRA é frágil e insegura; poderia chamar-se mera aparência de paz, porque se baseia no medo e na desconfiança. A SEGUNDA pelo contrário, é uma paz forte e duradoura, porque, alicerçando-se na justiça e no amor, penetra no coração; é um dom que Deus concede aos que amam a sua lei (cfr. Sl 119, 165)”17.

Se formos homens e mulheres que têm a verdadeira paz em seu coração, estaremos mais capacitados para viver como filhos de Deus e praticaremos melhor a fraternidade. E, vice-versa, na medida em que nos sintamos filhos de Deus, seremos pessoas de uma paz inalterável.

A filiação divina é o fundamento da paz e da alegria do cristão. Nela encontramos a proteção de que estamos necessitados, o calor paternal e a confiança perante o futuro; vivemos confiantes em que por trás de todos os azares da vida há sempre uma razão de bem: Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus18, dizia São Paulo aos primeiros cristãos de Roma.

A consideração da nossa filiação divina ajudar-nos-á a ser fortes perante as dificuldades. “Não vos assusteis, não temais nenhum mal, ainda que as circunstâncias em que trabalhais sejam terríveis [...]. As mãos de Deus são igualmente poderosas e, se for necessário, farão maravilhas”19. Estamos bem protegidos.

Procuremos, pois, nestes dias do Advento, fomentar a paz e a alegria, superando os obstáculos; aprendamos a encontrar a Deus em todas as coisas, mesmo nos momentos difíceis. “Procurai o rosto dAquele que habita sempre, com uma presença real e corporal, na sua Igreja. Fazei pelo menos o que fizeram os discípulos. Tinham uma fé fraca, não possuíam grande confiança nem paz, mas ao menos não se separaram de Cristo [...]. Não vos defendais dEle, antes pelo contrário, quando estiverdes em dificuldades, recorrei a Ele dia após dia, pedindo-lhe fervorosamente e com perseverança aquilo que só Ele pode outorgar [...]. Assim, ainda que Ele observe tanta falta de firmeza, que não deveria existir, dignar-se-á increpar os ventos e o mar, e dirá: Calma, estai tranqüilos. E haverá uma grande paz”20.

Santa Maria, Rainha da paz, ajudar-nos-á a ter paz em nossos corações, a recuperá-la se a tivermos perdido, e a comunicá-la aos que nos rodeiam. Como já está próxima a festa da Imaculada Conceição, esforcemo-nos por recorrer a Ela durante todo o dia, tendo-a mais presente no nosso trabalho e oferecendo-lhe alguma prova especial de carinho.

(1) Lev 26, 6; (2) Is 26, 12; (3) Lc 2, 14; (4) Antífona da Liturgia das Horas; (5) cfr. Is 11, 1-10; (6) Is 9, 6; (7) Lc 24, 36; (8) At 10, 36; (9) Jo 14, 27; (10) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, 78; (11) Ef 2, 14; (12) João Paulo II, Discurso ao UNIV-86, Roma, 24-III-1986; (13) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 15, 4; (14) João Paulo II, Homilia na paróquia de Sto. Inácio de Antioquia, Roma, 16-II-1980; (15) cfr. Mt 5, 9; (16) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 15, 4; (17) João Paulo II, Discurso ao UNIV-86, Roma, 24-III-1986; (18) Rom 8, 28; (19) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, Quadrante, São Paulo, 1979, n. 105; (20) Venerável John Henry Newman, Sermão para o quarto domingo depois da Epifania, 1848.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Preparar-nos para receber Jesus

TEMPO DO ADVENTO. PRIMEIRA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA

– Alegria do Advento. Alegria ao receber o Senhor na Sagrada Comunhão.
– Senhor, eu não sou digno... Preparar-nos para receber o Senhor. Imitar as disposições do centurião de Cafarnaum.
– Outros pormenores relativos à preparação da alma e do corpo para receber com fruto este sacramento. A confissão freqüente.

I. O SALMO 121, que lemos na Missa de hoje, era um cântico dos peregrinos que iam a Jerusalém: Que alegria– recitavam os peregrinos ao aproximarem-se da cidade – quando me vieram dizer: “Vamos à casa do Senhor!” E os nossos passos se detêm agora diante das tuas portas, ó Jerusalém!1

Esta alegria é também imagem do Advento, em que cada dia que transcorre é um passo mais em direção à festa do nascimento do Redentor. É, além disso, imagem da alegria que o nosso coração experimenta quando nos abeiramos, bem preparados, da Sagrada Comunhão.

É inevitável que, juntamente com esta alegria, nos sintamos cada vez mais indignos, à medida que se aproxima o momento de receber o Senhor; e se decidimos fazê-lo, é porque Ele quis ficar sob as aparências do pão e do vinho precisamente para servir de alimento e, portanto, de fortaleza para os fracos e doentes. Não ficou como prêmio para os fortes, mas como remédio para os fracos. E todos somos fracos e estamos adoentados.

Toda a preparação deve parecer-nos pouca, e toda a delicadeza insuficiente para receber Jesus.

Assim exortava São João Crisóstomo os seus fiéis, a fim de que se preparassem condignamente para receber a Sagrada Comunhão: “Não é absurdo pores tanto cuidado nas coisas do corpo, a ponto de já desde muitos dias antes da festa preparares uma roupa belíssima, e te adornares e embelezares de todas as maneiras possíveis, e, no entanto, não tomares nenhum cuidado com a tua alma, abandonada, suja, esquálida, consumida de fome...?”2

Se alguma vez nos sentimos interiormente frios ou fisicamente pouco dispostos, nem por isso deixaremos de comungar. Procuraremos sair desse estado avivando a fé, a esperança e o amor. E se a causa for a tibieza ou a rotina, está nas nossas mãos mudar essa situação, pois contamos com a ajuda da graça. Mas não devemos confundir outros estados, como por exemplo o cansaço, com a situação de uma mediocridade espiritual consentida ou de uma rotina que cresce de dia para dia.

Cai na tibieza quem não se prepara, quem não faz o que está ao seu alcance para evitar as distrações quando Jesus vem ao seu coração. É tibieza aproximar-se da Comunhão mantendo a imaginação em outras coisas e pensamentos. Tibieza é não dar importância ao sacramento que se recebe.

A digna recepção do Corpo do Senhor será sempre uma oportunidade de nos inflamarmos no amor. “Haverá quem diga: é por isso, precisamente, que não comungo mais amiúde, porque me vejo frio no amor [...]. E porque vês que estás frio, queres afastar-te do fogo? Quando sentes gelado o teu coração, deves receber mais amiúde este sacramento, desde que alimentes um sincero desejo de amor a Jesus Cristo. Comunga – diz São Boaventura –, ainda que te sintas tíbio, confiando inteiramente na misericórdia divina, porque quanto mais doentes nos sentimos, tanto maior necessidade temos do médico”3.

Ao pensar que o Senhor nos espera, podemos cantar cheios de alegria no mais íntimo da nossa alma: Que alegria quando me disseram: vamos à casa do Senhor! Mas também o Senhor se alegra quando vê o nosso esforço por estar bem preparados para recebê-lo. Meditemos sobre os meios de que nos servimos e sobre o interesse que pomos em assistir com devoção à Santa Missa, em evitar as distrações e afastar a rotina, em fazer com que a nossa ação de graças seja intensa e apaixonada, de forma que possamos estar unidos a Cristo ao longo de todo o dia.

II. O EVANGELHO DA MISSA4 traz-nos as palavras de um homem pagão, centurião do exército romano. São palavras que se introduziram na liturgia da Missa há muito tempo, e que têm servido de preparação imediata para a Comunhão aos cristãos de todos os tempos: Domine, non sum dignus – Senhor, eu não sou digno.

Os chefes dos judeus da cidade tinham pedido a Jesus que aliviasse a pena desse pagão, curando-lhe um servo a quem estimava muito e que estava à beira da morte5. Desejavam que lhe fosse feito esse favor porque lhes havia construído uma sinagoga.

Quando Jesus estava perto da casa, o centurião pronunciou as palavras que repetimos em todas as Missas (substituindo “servo” por “alma”): Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e o meu servo será salvo. Uma só palavra de Cristo cura, purifica, devolve o ânimo e enche de esperança.

O centurião é um homem de profunda humildade, generoso, compassivo e cheio de admiração por Jesus. Como é pagão, não se atreve a dirigir-se pessoalmente ao Senhor e serve-se de outros, que considera mais dignos, para que intercedam por ele. Foi a humildade, comenta Santo Agostinho, “a porta por onde o Senhor entrou, a fim de tomar posse do que já possuía”6.

Unem-se na alma deste homem a fé, a humildade e a delicadeza. Por isso a Igreja nos propõe o seu exemplo e as suas próprias palavras como preparação para recebermos Jesus quando vem a nós na Sagrada Comunhão: Senhor, eu não sou digno...

A Igreja, porém, não nos convida apenas a repetir as palavras do centurião, mas a imitar as suas disposições. “Queremos dizer a Jesus que aceitamos a sua visita imerecida e singular, multiplicada sobre a terra até chegar a nós, a cada um de nós; e dizer-lhe também que nos sentimos atônitos e indignos perante tanta bondade, mas felizes, felizes de que no-la tenha concedido a nós e ao mundo; e também queremos dizer-lhe que um prodígio tão grande não nos deixa indiferentes e incrédulos, mas põe em nossos corações um entusiasmo gozoso, que nunca deveria faltar naqueles que verdadeiramente creem”7.

III. PREPARAR-SE PARA RECEBER o Senhor na Comunhão significa em primeiro lugar recebê-lo em graça. Cometeria uma gravíssima ofensa, um sacrilégio, quem fosse comungar em pecado mortal. Nunca devemos propor-nos receber o Senhor se há em nós uma dúvida fundamentada de termos cometido um pecado grave por pensamentos, palavras ou atos. Todo aquele que comer o pão e beber o cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por isso, continua São Paulo: Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice, pois aquele que o come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação8.

“A quem livremente comunga, é preciso recordar-lhe o preceito: Examine-se cada um a si mesmo (1 Cor 11, 28). E a prática da Igreja declara que é necessário este exame para que ninguém que tenha consciência de estar em pecado mortal, por mais contrito que se julgue, se aproxime da Sagrada Eucaristia sem a prévia Confissão sacramental”9.

“A participação nos benefícios da Eucaristia depende, além disso, da qualidade das disposições interiores, pois os sacramentos da nova lei, ao mesmo tempo que atuam ex opere operato, produzem um efeito tanto maior quanto mais perfeitas forem as disposições com que se recebem”10. Por isso é conveniente uma preparação esmerada da alma e do corpo: desejos de purificação, de tratar com delicadeza este sacramento, de recebê-lo com a maior piedade possível.

Uma excelente preparação é a luta por viver na presença de Deus ao longo do dia e por cumprir com esmero os deveres cotidianos; sentindo, quando se comete um erro, a necessidade de desagravar o Senhor; enchendo o dia de ações de graças e de comunhões espirituais. Assim se terá pouco a pouco o coração no Senhor, tanto no trabalho como na vida familiar, nos momentos de lazer ou em qualquer ocupação.

Juntamente com estas disposições interiores, e como sua manifestação necessária, temos as do corpo: o jejum prescrito pela Igreja, as atitudes, o modo de vestir, etc., que são sinais de respeito e reverência.

Ao terminarmos a nossa oração, pensemos como Maria recebeu Jesus depois da anunciação do Anjo. Peçamos-lhe que nos ensine a comungar “com aquela pureza, humildade e devoção” com que Ela o recebeu no seu seio bendito, “com o espírito e fervor dos Santos”, ainda que nos sintamos indignos e insignificantes.

(1) Sl 121, 1-2; (2) São João Crisóstomo, Homilia 6; PG 48, 756; (3) Santo Afonso Maria de Ligório, Prática do amor a Jesus Cristo, 2; (4) Mt 8, 5-13; (5) cfr. Lc 7, 1-10; (6) Santo Agostinho, Sermão 6; (7) Paulo VI,Homilia, 25-V-67; (8) 1 Cor 11, 27-28; (9) Paulo VI, Instr. Eucharisticum Mysterium, 37; (10) São Pio X, Decreto Sacra Tridentina Synodus, 20-XII-1905.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


São Silvério

02 de Dezembro

São Silvério 

O pontificado de São Silvério coincide com a ocupação da Itália pelos imperadores bizantinos. A nota característica do seu governo é a firmeza e intrepidez com que defendeu os direitos da igreja, contra a imperatriz Teodora. Eis o fato como os hagiógrafos o relatam.

O Papa Agapito, antecessor de Silvério, tinha deposto o bispo de Constantinopla, Antimo, por este haver defendido a heresia eutiquiana. A imperatriz, fautora da mesma heresia, desejava ver Antino reabilitado na jurisdição episcopal, desejo que Agapito não quis atender e não atendeu. Morto este Papa, Virgílio, diácono romano, apresentou-se à imperatriz Teodora, prometendo-lhe a reabilitação de Antimo se apoiasse sua candidatura ao pontificado. Teodora deu a Virgílio uma carta de apresentação a Belisário, general bizantino, que se achava na Itália, recomendando-lhe apoiasse a eleição.

Entretanto foi eleito Papa Silvério e como tal reconhecido. A este a imperatriz se dirigiu, exigindo a reabilitação dos bispos, por Agapito depostos, e a anulação das decisões do Concílio de Chalcedon, que tinha condenado a heresia de Eutiques. Nesse ofício arrogante Teodora ameaçou o Papa com a deposição, caso não lhe acedesse às exigências. A resposta de Silvério foi respeitosa, mas negativa. Com franqueza e firmeza apostólicas declarou à imperatriz que estaria pronto a sofrer prisão e morte, mas não cederia um ponto das constituições do Concílio.

Teodora não se conformando com esta resposta, ordem deu a Belisário de afastar Silvério de Roma e pôr Virgílio na cadeira de São Pedro. Para não cair no desagrado da imperatriz, Belisário prontificou-se a executar a ordem, mas desejava ter em mãos outros documentos, a pretexto dos quais pudesse proceder contra o Papa. Tirou-o do embaraço sua ímpia mulher Antonina. Esta lhe fez chegar às mãos uma carta falsificada, que trazia as armas e assinatura de Silvério, carta em que o Papa se teria dirigido aos Godos, prometendo-lhes entregar Roma, se lhe viessem em auxílio. Belisário estava a par do que se passava, e bem sabia qual era a autoria da carta. Não obstante, para obsequiar a mulher, citou Silvério à sua presença, mostrou-lhe a carta, acusou-o de alta traição e, sem esperar pela defesa da vítima, ordenou que lhe tirassem as insígnias pontifícias e lhe pusessem um hábito de monge, e assim o mandou para o desterro. No mesmo dia Virgílio assumiu as funções de Sumo Pontífice.

A consternação e indignação dos católicos eram gerais. Só Silvério bendizia a graça de sofrer pela justiça. O Bispo de Pátara, diocese que deu agasalho ao Papa desterrado, pôs-se a caminho de Constantinopla, com intuito de defender a causa de Silvério. Recebido pelo imperador Justiniano, fez-lhe a exposição clara das cousas ocorridas, e mostrou-lhe a injustiça feita ao representante de Cristo. Justiniano ordenou que Silvério fosse imediatamente levado a Roma, e que a permanência na metrópole lhe fosse vedada só no caso de se provar o crime de alta traição. Belisário e o antipapa Virgílio souberam impossibilitar a volta de Silvério para Roma. Apoderaram-se dele e transportaram-no para a ilha Palmaria. Lá o sujeitaram a um tratamento indigno e sobremodo humilhante. Silvério, porém, ficou firme na justa resistência à tirania e usurpação. Longe de reconhecer a autoridade de Virgílio, excomungou-o e deu do exílio sábias leis à igreja. Nunca se lhe ouviu uma palavra sequer de queixa contra os planos e desígnios de Deus. Ao contrário, no meio dos sofrimentos e provações, louvava e enaltecia a sabedoria e bondade da Divina Providência.

Três anos passou Silvério no desterro. Liberato, historiador contemporâneo de Silvério, diz que o Santo Papa morreu de fome. É considerado mártir da Igreja.

Fonte: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.


02 de Dezembro 2019

A SANTA MISSA

1ª Semana do Advento – Segunda-feira 
Cor: Roxa

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1ª Leitura: Is 4, 2-6

“Haverá grande alegria para os sobreviventes de Israel” 

Leitura do Livro do Profeta Isaías

2 Naquele dia, o povo do Senhor terá esplendor e glória, e o fruto da terra será de grande alegria para os sobreviventes de Israel. 3 Então, os que forem deixados em Sião, os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados santos, a saber, todos os destinados à vida em Jerusalém. 4 Quando o Senhor tiver lavado as imundícies das filhas de Sião, e limpado as manchas de sangue dentro de Jerusalém, com espírito de justiça e de purificação, 5 ele criará em todo lugar do monte Sião e em suas assembleias uma nuvem durante o dia, e fumaça e clarão de chamas durante a noite: e será proteção para toda a sua glória, 6 uma tenda para dar sombra contra o calor do dia, abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 121 (122), 1-2. 3-4a. (4b-5. 6-7) 8-9 (R. 1)

R. Que alegria, quando me disseram: ‘Vamos à casa Senhor!

Que alegria, quando ouvi que me disseram:*
‘Vamos à casa do Senhor!’
E agora nossos pés já se detêm,*
Jerusalém, em tuas portas.      R.

3 Jerusalém, cidade bem edificada *
num conjunto harmonioso;
4a para lá sobem as tribos de Israel,*
as tribos do Senhor.       R.

4b Para louvar, segundo a lei de Israel,*
o nome do Senhor.
5 A sede da justiça lá está *
e o trono de Davi.       R.

6 Rogai que viva em paz Jerusalém,*
e em segurança os que te amam!
7 Que a paz habite dentro de teus muros,*
tranquilidade em teus palácios!       R.

8 Por amor a meus irmãos e meus amigos,*
peço: ‘A paz esteja em ti!’
9 Pelo amor que tenho à casa do Senhor,*
eu te desejo todo bem!       R. 

Evangelho: Mt 8,5-11 

Muitos virão do Oriente e do Ocidente para o Reino do Céu. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 5 Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6 ‘Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia.’ 7 Jesus respondeu: ‘Vou curá-lo.’ 8 O oficial disse: ‘Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um : ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo ao meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz.’10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: ‘Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11 Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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01 de Dezembro 2019

A SANTA MISSA

1º Domingo do Advento – Ano A
Cor: Roxa

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1ª Leitura: Is 2,1-5

O Senhor reúne todas as nações para a paz eterna do Reino. 

Leitura do Livro do Profeta Isaías

1 Visão de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém. 2 Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as nações, 3 para lá irão numerosos povos e dirão: ‘Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos’; porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a palavra do Senhor. 4 Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate. 5 Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 121, 1-2.4-5.6-7.8-9 (R. Cf. 1)

R. Que alegria, quando me disseram: ‘Vamos à casa do Senhor!

Que alegria, quando ouvi que me disseram: *
‘Vamos à casa do Senhor!’
E agora nossos pés já se detêm, *
Jerusalém, em tuas portas.      R.

4 para lá sobem as tribos de Israel, *
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel, *
o nome do Senhor.*
5 A sede da justiça lá está *
e o trono de Davi.      R.

6 Rogai que viva em paz Jerusalém, *
e em segurança os que te amam!
7 Que a paz habite dentro de teus muros, *
tranquilidade em teus palácios!      R.

8 Por amor a meus irmãos e meus amigos, *
peço: ‘A paz esteja em ti!’
9 Pelo amor que tenho à casa do Senhor, *
eu te desejo todo bem!      R.

2ª Leitura: Rm 13,11-14ª

A salvação está mais perto de nós. 

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos

Irmãos: 11 Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. 12 A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. 13 Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonarias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. 14 Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Mt 24,37-44 

Ficai atentos e preparados! 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: 37 ‘A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38 Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39 E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41 Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. 42 Portanto, ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43 Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Beato Charles de Foucauld 

01 de Dezembro

Beato Charles de Foucauld 

Presbítero, viveu no deserto norte-africano no meio dos Tuareg. Com a sua fervorosa e generosa fé, o ardente amor por Jesus Eucaristia, o respeito pelos homens, a predilecção pelos mais pobres, nos quais sabia descobrir o reflexo do rosto do Filho do Homem, ele nunca deixou de atrair, até depois da sua morte, um número cada vez maior de almas para o mistério de Nazaré.

Nasceu em Estrasburgo (França), no dia 15 de Setembro de 1858. Ao ficar órfão com 6 anos cresceu, com a irmã Marie, sob os cuidados do avô. A formação cristã recebida na infância permitiu-lhe fazer uma sentida Primeira Comunhão em 1870.

Na adolescência distanciou-se da fé. Conhecido como amante do prazer e da vida fácil, revelou, não obstante tudo, uma vontade forte e constante nos momentos difíceis. Empreendeu uma viagem de exploração em Marrocos (1883-1884). O testemunho da fé dos muçulmanos despertou nele um interrogativo: Mas Deus, existe? "Meu Deus, se existis, fazei que vos conheça".

Ao regressar à França, surpreendido pelo discreto e carinhoso acolhimento da sua família, profundamente cristã, inicia a estudar e pede a um sacerdote para o instruir. Guiado pelo Pe. Huvelin, encontrou Deus no mês de Outubro de 1886. Tinha 28 anos. "Quando acreditei que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa senão viver somente para Ele".

Uma peregrinação na Terra Santa revelou-lhe a sua vocação: seguir e imitar Jesus na vida de Nazaré. Viveu 7 anos na Cartuxa, primeiro em Nossa Senhora das Neves, depois em Akbés na Síria. Em seguida, viveu sozinho, na oração, na adoração, numa grande pobreza, junto das Clarissas de Nazaré. Foi ordenado sacerdote com 43 anos (1901), na Diocese de Viviers. Depois, transferiu-se para o deserto argelino do Sahara, inicialmente em Beni Abbès, pobre entre os mais pobres, depois mais ao Sul em Tamanrasset com os Tuaregs do Hoggar. Viveu uma vida de oração, meditando continuamente as Sagradas Escrituras, e de adoração, no desejo incessante de ser, para cada pessoa o "irmão universal", imagem viva do Amor de Jesus. "Gostaria de ser bom para que se pudesse dizer: Se assim é o servo como será o Mestre?". Quis "gritar o Evangelho com a sua vida". Na noite de 1 de Dezembro de 1916 foi assassinado por um bando de ladrões de passagem.

O seu sonho foi sempre compartilhar a sua vocação com os outros: após ter escrito diversas regras de vida religiosa, pensou que esta "Vida de Nazaré" pode ser vivida por todos e em toda parte. Hoje a "família espiritual de Carlos de Foucauld" inclui diversas associações de fiéis, comunidades religiosas e institutos seculares de leigos ou sacerdotes dispersos no mundo inteiro.

Fonte: http://www.vatican.va


Advento: À Espera do Senhor

TEMPO DO ADVENTO. PRIMEIRO DOMINGO

– Vigilantes ante a chegada do Messias.
– Principais inimigos da nossa santidade: as três concupiscências. A Confissão, meio para preparar o Natal.
– Vigilantes mediante a oração, a mortificação e o exame de consciência.

I. Ó DEUS TODO-PODEROSO, avivai nos vossos fiéis, ao começar o Advento, o desejo de acorrerem ao encontro com Cristo, acompanhados pelas boas obras1.

Talvez já tenhamos tido a experiência – diz Ronald Knox num sermão sobre o Advento2 – do que é caminhar na noite e arrastar os pés durante quilômetros, fixando avidamente o olhar numa luz longínqua que representa de alguma forma o lar. Como é difícil avaliar as distâncias em plena escuridão! Tanto pode haver uns quilômetros até o lugar do nosso destino, como apenas umas centenas de metros. Era essa a situação em que se encontravam os Profetas quando olhavam para o futuro, à espera da redenção do seu povo. Não podiam dizer, nem com uma aproximação de cem anos ou mesmo de quinhentos, quando é que o Messias chegaria. Só sabiam que um dia a estirpe de Davi voltaria a florescer, que um dia encontrariam a chave que abriria as portas da prisão; que a luz, que avistavam apenas como um ponto nebuloso no horizonte, haveria de ampliar-se por fim, até se transformar num dia perfeito. O Povo de Deus devia permanecer à espera.

Esta mesma atitude de expectativa é a que a Igreja deseja para os seus filhos em todos os momentos da sua vida. Considera como parte essencial da sua missão fazer com que continuemos a olhar para o futuro, ainda que estejamos no limiar do segundo milênio daquele Natal que hoje a liturgia nos apresenta como iminente. E anima-nos a caminhar com os pastores, em plena noite, vigilantes, dirigindo o nosso olhar para a luz que jorra da gruta de Belém.

Quando o Messias chegou, poucos o esperavam realmente. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam3. Muitos daqueles homens haviam adormecido para o mais essencial das suas vidas e da vida do mundo. Estai vigilantes, diz-nos o Senhor no Evangelho da Missa. Despertai, repetir-nos-á São Paulo4. Porque também nós podemos esquecer-nos do mais fundamental da nossa existência.

Convocai todo o mundo, anunciai a todas as nações e dizei: Olhai para Deus, nosso Salvador, que chega. Anunciai-o e que se ouça; proclamai-o com voz forte5. A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro semanas de antecedência a fim de que nos preparemos para celebrar de novo o Natal e, ao mesmo tempo, para que, com a lembrança da primeira vinda de Deus feito homem ao mundo, estejamos atentos a essas outras vindas do Senhor: no fim da vida de cada um e no fim dos tempos. Por isso o Advento é tempo de preparação e de esperança.

Vinde, Senhor, não tardeis. Preparemos o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza essa luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial delicadeza o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus. É o momento de discernir as coisas que nos separam do Senhor e de lançá-las para longe de nós. Para isso, o exame deve ir até as raízes dos nossos atos, até os motivos que inspiram as nossas ações.

II. COMO NESTE TEMPO queremos de verdade aproximar-nos mais de Deus, examinaremos a fundo a nossa alma. Encontraremos aí os verdadeiros inimigos que se empenham sem tréguas em manter-nos afastados do Senhor. De uma forma ou de outra, estão aí os principais obstáculos para a nossa vida cristã: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida6.

“A concupiscência da carne não é apenas o impulso desordenado dos sentidos em geral [...], não se reduz exclusivamente à desordem da sensualidade: estende-se ao comodismo e à falta de vibração, que impelem a procurar o mais fácil, o mais agradável, o caminho aparentemente mais curto, mesmo à custa de concessões no caminho da fidelidade a Deus [...].

“O outro inimigo [...] é a concupiscência dos olhos, uma avareza de fundo que leva a apreciar apenas o que se pode tocar [...]. Os olhos da alma embotam-se; a razão julga-se auto-suficiente e capaz de entender todas as coisas prescindindo de Deus. É uma tentação sutil, que se escuda na dignidade da inteligência; da inteligência que nosso Pai-Deus outorgou ao homem para que o conheça e o ame livremente. Arrastada por essa tentação, a inteligência humana considera-se o centro do universo, entusiasma-se novamente com o sereis como deuses (Gên 3, 5) e, enchendo-se de amor por si mesma, vira as costas ao amor de Deus.

“Deste modo, a nossa existência pode entregar-se sem condições às mãos do terceiro inimigo, a superbia vitae. Não se trata simplesmente de pensamentos efêmeros de vaidade ou de amor próprio: é um endurecimento generalizado. Não nos enganemos, porque tocamos o pior dos males, a raiz de todos os extravios”7.

Agora que o Senhor vem a nós, temos de preparar-nos. Quando chegar o Natal, o Senhor terá de encontrar-nos atentos e de alma bem disposta; e assim terá de encontrar-nos também no nosso encontro definitivo com Ele.

Precisamos tornar retos os caminhos da nossa vida, voltar-nos para esse Deus que vem até nós. Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo especial: Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador8.

Preparemos este encontro através do sacramento da Penitência. Pouco antes do Natal de 1980, o Papa João Paulo II encontrava-se com mais de duas mil crianças numa paróquia romana. E começou a catequese: – Como é que vocês se preparam para o Natal? – Com a oração, responderam as crianças gritando. – Muito bem, com a oração, disse-lhes o Papa, mas também com a confissão. Vocês têm que se confessar para depois comungar. Farão isso? E os milhares de crianças responderam ainda mais alto: – Faremos! – Farão, sim, devem fazê-lo, disse-lhes João Paulo II. E em voz mais baixa: O Papa também se confessará para receber dignamente o Menino-Deus.

Assim o faremos nós também, nestas semanas que faltam para o Natal; com mais amor, com uma contrição cada vez maior. Porque sempre podemos receber com melhores disposições este sacramento da misericórdia divina, como conseqüência de termos examinado mais a fundo a nossa alma.

III. NAQUELE TEMPO, disse Jesus aos seus discípulos: Estai de sobreaviso, vigiai e orai, porque não sabeis quando será o tempo [...]. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando voltará o dono da casa, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo ou pela manhã, para que não suceda que, vindo ele de repente, vos encontre dormindo. O que vos digo, a todos o digo: Vigiai9.

Para manter este estado de vigília, é necessário lutar, porque a tendência de todo o homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra. Especialmente neste tempo do Advento, não deixemos que os nossos corações fiquem ofuscados pela glutonaria, pela embriaguez e pelos negócios desta vida, perdendo assim de vista a dimensão sobrenatural que devem ter todos os nossos atos. São Paulo compara esta vigilância sobre nós mesmos à guarda montada pelo soldado bem armado que não se deixa surpreender10. “Este adversário, nosso inimigo, procura fazer-nos mal por onde quer que possa; e, já que não anda descuidado, não o andemos nós”11.

Estaremos alerta se cuidarmos com esmero da oração pessoal, que evita a tibieza e, com ela, a morte dos desejos de santidade; estaremos vigilantes se não descurarmos os pequenos sacrifícios, que nos mantêm despertos para as coisas de Deus. Estaremos atentos mediante um exame de consciência delicado, que nos faça ver os pontos em que nos estamos separando, quase sem o percebermos, do nosso caminho.

“Irmãos – diz-nos São Bernardo –, a vós, como às crianças, Deus revela o que ocultou aos sábios e entendidos: os autênticos caminhos da salvação. Meditai neles com suma atenção. Aprofundai no sentido deste Advento. E, sobretudo, observai quem é Aquele que vem, de onde vem e para onde vem; para quê, quando e por onde vem. É uma curiosidade boa. A Igreja universal não celebraria com tanta devoção este Advento se não contivesse algum grande mistério”12.

Santa Maria, que é a nossa Esperança, ajudar-nos-á a melhorar neste tempo do Advento. Ela espera com grande recolhimento interior o nascimento do seu Filho, que é o Messias. Todos os seus pensamentos se dirigem para Jesus, que nascerá em Belém. Junto dEla, ser-nos-á fácil preparar a nossa alma para que a chegada do Senhor não nos encontre absorvidos em coisas que têm pouca ou nenhuma importância diante de Deus.

(1) Oração coleta da Missa do primeiro domingo do Advento; (2) cfr. R. A. Knox, Sermão sobre o Advento, 21-XII-1947; (3) Jo 1, 11; (4) cfr. Rom 13, 11; (5) Salmo responsorial da Missa da segunda-feira da primeira semana do Advento; (6) 1 Jo 2, 16; (7) São  Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, ns. 5-6, Quadrante, São Paulo, 1975; (8) Sl 24; Salmo responsorial da Missa do primeiro domingo do Advento, ciclo C; (9) Mc 13, 33-37; Evangelho da Missa do primeiro domingo do Advento, ciclo B; (10) cfr. 1 Tess 5, 4-11; (11) Santa Teresa, Caminho de perfeição, 19, 13; (12) São Bernardo, Sermão sobre os seis aspectos do Advento, 1.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Santo André Apóstolo

– O primeiro encontro com Jesus.
– Apostolado da amizade.
– A chamada definitiva. Desprendimento e prontidão no seguimento do Senhor.

O Apóstolo Santo André era natural de Betsaida, irmão de Simão e pescador como ele. Foi discípulo de São João Batista e depois um dos primeiros a conhecer Jesus; foi ele que levou Pedro ao encontro do Mestre e que, na multiplicação dos pães, disse ao Senhor que havia um rapaz com uns pães e uns peixes. Conforme a Tradição, pregou o Evangelho na Grécia e morreu na Acaia, numa cruz em forma de "x".

I. FORAM E VIRAM onde habitava, e ficaram com Ele naquele dia. Era cerca da hora décima1. André e João foram os primeiros Apóstolos chamados por Jesus, conforme nos relata o Evangelho. O Mestre iniciou o seu ministério público e já no dia seguinte começou a chamar aqueles que permaneceriam ao seu lado. São João Batista encontrava-se em companhia dos seus discípulos quando, vendo Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus2. E os dois discípulos foram atrás do Senhor. Jesus voltou-se e, vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Eles disseram: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? Jesus disse-lhes: Vinde e vede. Na realidade, era um amável convite para que o acompanhassem.

Durante aquele dia, Jesus falou-lhes certamente de mil coisas cheias de sabedoria divina e encanto humano; e os dois ficaram para sempre unidos à sua Pessoa. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o que João dissera e tinham seguido Jesus. O Apóstolo São João, passados muitos anos, pôde anotar no seu Evangelho a hora do encontro: Era então cerca da hora décima, das quatro da tarde. Nunca esqueceu aquele momento em que Jesus lhes disse: Que buscais? André também se lembraria sempre daquele encontro definitivo.

Nunca se esquece o encontro decisivo com Jesus. Aceitar a chamada do Senhor, passar a pertencer ao círculo dos mais íntimos, é a maior graça que se pode receber neste mundo.

Constitui esse dia feliz, inesquecível, em que somos invadidos pelo convite claro do Mestre – um dom imerecido, valiosíssimo, porque vem de Deus –, que dá sentido à vida e ilumina o futuro.

Há chamadas de Deus que são um convite doce e silencioso; outras, como a de São Paulo, fulminantes como um raio que rasga as trevas; e outras, enfim, em que o Mestre simplesmente nos põe a mão sobre o ombro e diz: Tu és meu! Segue-me! Então o homem, cheio de alegria, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo3, pois nele está o seu tesouro. Descobriu, entre os muitos dons da vida – como um especialista que procura pérolas finas4 – a pérola de maior valor5.

Vinde e vede. Foi no relacionamento pessoal com o Senhor que André e João conheceram por experiência direta aquilo que as meras palavras não lhes teriam permitido entender por completo6. É na oração pessoal, na intimidade com Cristo, que chegamos a conhecer os múltiplos convites e apelos do Senhor para que o sigamos mais de perto. Agora, enquanto falamos com Ele, podemos perguntar-nos se temos o ouvido atento à sua voz inconfundível, se estamos respondendo plenamente àquilo que Ele nos pede, porque Cristo passa ao nosso lado e nos chama. Ele continua presente no mundo, tão real como há vinte séculos, e procura colaboradores que o ajudem a salvar almas. Vale a pena dizer “sim” a essa missão divina.

II. DISSE ANDRÉ a seu irmão Simão: Encontramos o Messias! (que significa Cristo). E levou-o a Jesus7. O encontro com Jesus deixou André com a alma cheia de felicidade e de alegria; uma alegria nova que tinha de comunicar a alguém imediatamente, como se não a conseguisse reter. A primeira pessoa que procurou foi seu irmão Simão, e deve ter-lhe falado da sua descoberta com muito entusiasmo: Encontramos o Messias!, disse-lhe com essa ênfase especial de quem está convencido, pois conseguiu que Pedro, talvez cansado depois de uma jornada de trabalho, fosse até o Mestre, que já o esperava: E levou-o a Jesus.

Esta é a nossa tarefa: levar a Cristo os nossos parentes, amigos e conhecidos, falando-lhes com essa convicção pessoal que arrasta.

Esse anúncio é próprio da alma “que se enche de felicidade com a sua aparição e que se apressa a anunciar aos outros algo tão grande. Essa é a prova do verdadeiro e sincero amor fraternal: o intercâmbio de bens espirituais” 8. Verdadeiramente, quem encontra Cristo, encontra-o para todos.

Nós vimos tratando intimamente com Cristo, que um dia – talvez há não poucos anos! – passou perto da nossa vida: “Como André, também nós, pela graça de Deus, descobrimos o Messias e o significado da esperança que devemos transmitir a todos”9. O Senhor serve-se com freqüência dos laços do sangue, da amizade..., para chamar outras almas. Esses vínculos podem abrir a porta do coração dos nossos parentes e amigos, talvez fechados para Cristo devido aos preconceitos, à ignorância, ao medo ou à preguiça. Quando a amizade é verdadeira, não são necessários grandes esforços para falar de Cristo: a confidência surgirá naturalmente. Entre amigos, é fácil trocar pontos de vista, comunicar descobertas... Seria tão pouco natural que não falássemos de Cristo, sendo Ele a descoberta mais importante que fizemos na vida e o motor de todas as nossas ações!

A amizade, com a graça de Deus, pode ser o caminho – natural e divino ao mesmo tempo – para um apostolado profundo, capilar, feito um a um. As palavras cheias de esperança e de alegria farão com que muitos venham a descobrir que Cristo está perto, como o descobriu Pedro, como talvez nós mesmos o tenhamos descoberto. “Um dia – não quero generalizar; abre o teu coração ao Senhor e conta-lhe a tua história –, talvez um amigo, um simples cristão igual a ti, te fez descobrir um panorama profundo e novo, e, ao mesmo tempo, antigo como o Evangelho. Sugeriu-te a possibilidade de te empenhares seriamente em seguir a Cristo, em ser apóstolo de apóstolos. Talvez tenhas perdido então a tranqüilidade e não a tenhas recuperado, convertida em paz, enquanto livremente, porque te apeteceu – que é a razão mais sobrenatural –, não respondeste sim a Deus. E veio a alegria, forte, constante, que só desaparece quando te afastas dEle”10 – essa alegria que só encontramos quando seguimos os passos do Mestre, e da qual desejamos que muitos participem.

III. ALGUM TEMPO mais tarde, caminhando Jesus ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar (porque eram pescadores), e disse-lhes: Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens. E eles, imediatamente, deixaram as redes e seguiram-no 11. É a chamada definitiva, culminância daquele primeiro encontro com o Mestre. André, como os outros Apóstolos, respondeu imediatamente. São Gregório Magno, ao comentar essa chamada definitiva de Jesus àqueles pescadores e a forma como lhe corresponderam, desfazendo-se de tudo o que possuíam, ensina que o reino dos céus “vale tudo quanto tens” 12. Diante de Jesus que passa, não podemos ficar com nada. Pedro e André deixaram muito, “já que ambos deixaram o desejo de possuir” 13. O Senhor necessita de corações limpos e desprendidos. E cada cristão deve viver esse espírito de entrega, de acordo com a sua vocação. Não pode haver nada na nossa vida que não seja de Deus. Que havemos de reservar para nós, quando o Mestre está tão perto, quando o vemos e convivemos com Ele todos os dias?

Este desprendimento permitir-nos-á acompanhar Jesus que prossegue o seu caminho com passo rápido; não seria possível acompanhá-lo com demasiados fardos. O passo de Deus pode ser ligeiro, e seria triste que ficássemos para trás por causa de quatro bugigangas que não valem a pena. Ele passa sempre perto de nós e chama-nos: umas vezes, na juventude, outras na maturidade ou mesmo quando falta pouco para partirmos desta vida, como podemos observar na parábola dos trabalhadores que foram contratados a diversas horas do dia para trabalhar na vinha14. Em qualquer caso, é necessário responder a essa chamada com a alegria estremecida de que os Evangelistas nos dão notícia ao recordarem a chamada que receberam. É o mesmo Jesus quem passa agora e quem nos convida a segui-lo.

Conta a tradição que Santo André morreu louvando a cruz, pois ela o levava definitivamente para junto do seu Mestre. “Ó cruz boa, que foste glorificada pelos membros do Senhor, cruz por tão longo tempo desejada, ardentemente amada, procurada sem descanso e oferecida aos meus ardentes desejos [...], devolve-me ao meu Mestre, para que por ti me receba Aquele que por ti me redimiu”15. Se virmos Jesus por trás dela, nada nos importarão os maiores sacrifícios.

(1) Jo 1, 39; (2) Jo 1, 37; (3) Mt 13, 44; (4) Mt 13, 45; (5) J. L. R. Sanchez de Alva, El evangelio de San Juan, 3ª ed., Madrid, 1987, nota a Jo 1, 35-51; (6) São Tomás, Comentário ao Evangelho de São João; (7) Jo 1, 41-42; Antífona da comunhão da Missa do dia 30 de novembro; (8) Liturgia das Horas, Segunda Leitura; São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São João, 19, 1; (9) João Paulo II, Homilia, 30-XI-1982; (10) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 1; (11) Mt 4, 18-20; (12) São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, I, 5, 2; (13) ib.; (14) cfr. Mt 20, 1 e segs.; (15) Paixão de Santo André.

Fonte: Livro "Falar com Deus"de Francisco Fernández Carvajal


Santo André, Apóstolo

30 de Novembro

Santo André, Apóstolo

André era irmão de Simão (posteriormente chamado de Pedro por Jesus). Ambos eram filhos de um pescador chamado Jonas e nasceram na cidade de Betsaida, às margens do Lago de Genesaré, também conhecido como Mar da Galiléia. André e Pedro eram pescadores como o pai, sócios de João e Tiago (também discípulos de Jesus) numa comunidade de pesca e moravam em Cafarnaum no tempo em que o Mestre apareceu. Às margens do Mar da Galileia, Cafarnaum era bem maior que Betsaida, recebia gente de todo lugar e era bem mais promissora.

Antes de serem discípulos de Jesus, André e João, irmão de Tiago, foram discípulos de João Batista. Foi João Batista, aliás, quem apresentou Jesus a esses dois, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.” Os dois foram atrás de Jesus. O encontro com o Mestre deve ter sido maravilhoso porque, João, depois de mais de 60 anos, quando escreveu seu Evangelho, lembrou-se até da hora em que ele e André encontraram o Mestre: “Eram quatro horas da tarde”. (Jo 1, 35-40)

André, juntamente com João, foram os primeiros a se tornarem discípulos de Jesus. O fato de ter sido discípulo de João Batista mostra que Santo André era um homem ligado à religião e estava em busca de algo mais. Depois de encontrar Jesus ele faz questão de levar seu irmão Pedro até o Mestre afirmando "Encontramos o Messias". Ele não guardou para si a graça de ter encontrado o Senhor. Por isso, foi o primeiro discípulo a apresentar futuros discípulos a Jesus.

André era indicado pelos próprios discípulos como o "segundo na hierarquia", estando abaixo somente de Pedro, o líder escolhido por Jesus. Nas listas dos Apóstolos citadas nos Evangelhos, André figura entre os quatro primeiros. A Tradição diz que Santo André era mais velho que Pedro. Porém, não se sabe era casado, como o irmão, ou se teve filhos. Sabe-se que, após seu encontro com Jesus, deixou tudo para seguir o Mestre.

Santo André é mencionado doze vezes no Novo testamento. Além de ser descrito como primeiro discípulo, Santo André é citado no milagre da multiplicação dos pães. É ele quem apresenta o menino que tem cinco pães e dois peixes. (Jo 6, 8-14). Quando gregos pedem para ver Jesus, Filipe vai falar com André e André fala com Jesus. O fato evidencia a autoridade de André. Santo André participou de toda a vida pública de Jesus, viu todos os milagres que o Mestre realizou, ouviu todas as suas pregações e ensinamentos. Experimentou a própria fraqueza fugindo quando Jesus foi preso, mas experimentou também a alegria do perdão vindo de Jesus ressuscitado e a força do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Tudo isso moldou para sempre sua personalidade e ele se tornou um grande Apóstolo.

Logo após a Vinda do Espírito Santo, Santo André ajudou a fortalecer a Igreja nascente na Palestina. Depois, porém, partiu para anunciar o Evangelho em vários lugares da região, fixando-se em Patras, na Grécia. Lá, formou uma comunidade cristã forte, modelo para outras comunidades. Ali surgiu uma igreja viva, rica em discípulos e missionários. Vários milagres aconteceram pela oração de Santo André.

Porém, ali também foi o local do seu martírio. Por causa do crescimento da comunidade cristã, o governador local chamado Egéas, subordinado ao imperador Nero, prendeu Santo André porque o santo afirmava que Jesus era um juiz mais importante e acima dele (Egéas). O governador exigiu depois que Santo André adorasse os deuses pagão da região. O santo negou e ainda afirmou que aqueles deuses eram demônios. Por isso, Egéas condenou-o à crucificação. Santo André aceitou a sentença com alegria, pois sempre pregou a grandeza da cruz de Cristo. Antes de morrer, doou seus bens e suas roupas a seus carrascos e resistiu dois dias de grande sofrimento pregado numa cruz em forma de “X”. Antes de sua morte, uma forte luz envolveu todo o seu corpo e depois se apagou. Era o dia 30 de novembro de 60. Em 357, o imperador Constantino, convertido ao cristianismo, trasladou os restos mortais de santo André para Constantinopla. Depois, essas relíquias foram trasladadas para Roma, onde estão até hoje, guardadas na Catedral de Amalfi.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


30 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

Festa: Santo André, Apóstolo
Cor: Vermelha

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1ª Leitura: Rm 10,9-18

 A fé vem da pregação
e a pregação se faz pela palavra de Cristo. 

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos

Irmãos: 9 Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 10 É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. 11 Pois a Escritura diz: “Todo aquele que nele crer não ficará confundido”. 12 Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. 13 De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo. 14 Mas, como invocá-lo, sem antes crer nele? E como crer, sem antes ter ouvido falar dele? E como ouvir, sem alguém que pregue? 15 E como pregar, sem ser enviado para isso? Assim é que está escrito: “Quão belos são os pés dos que anunciam o bem”. 16 Mas nem todos obedeceram à Boa-nova. Pois Isaías diz: “Senhor, quem acreditou em nossa pregação?” 17 Logo, a fé vem da pregação e a pregação se faz pela palavra de Cristo. 18 Então, eu pergunto: Será que eles não ouviram? Certamente que ouviram, pois “a voz deles se espalhou por toda a terra, e as suas palavras chegaram aos confins do mundo”.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 18(19A),2-3.4-5 (R. 5a)

R. Seu som ressoa e se espalha em toda terra. 

2O s céus proclamam a glória do Senhor, *
e o firmamento, a obra de suas mãos;
3o dia ao dia transmite esta mensagem, *
a noite à noite publica esta notícia.      R.

4 Não são discursos nem frases ou palavras, *
nem são vozes que possam ser ouvidas;
5 seu som ressoa e se espalha em toda a terra, *
chega aos confins do universo a sua voz.      R. 

Evangelho: Mt 4,18-22 

Imediatamente deixaram as redes e o seguiram. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

18 Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 Jesus disse a eles: ‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens.’ 20 Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram. 21 Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou.22 Eles, imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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