A Adoração dos Magos

EPIFANIA DO SENHOR. 5 DE JANEIRO

– A alegria de encontrar Jesus. Adoração na Sagrada Eucaristia.
– Os dons dos Magos. As nossas oferendas.
– Manifestação do Senhor a todos os homens. Apostolado.

I. EIS QUE VEIO o Senhor dos senhores; em suas mãos estão o reino, o poder e a glória1. A Igreja celebra hoje a manifestação de Jesus ao mundo inteiro. Epifania significa “manifestação”; e os Magos representam os povos de todas as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus. Os reis de Társis e das ilhas trar-lhe-ão presentes. Os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão os seus dons. Todos os reis o hão de adorar, hão de servi-lo todas as nações2.

Ao saírem os Magos de Jerusalém, a estrela que tinham visto no Oriente precedia-os, até que se deteve em cima do lugar onde estava o menino. Ao verem a estrela, eles sentiram uma imensa alegria3.

Não se admiram de terem sido conduzidos a uma aldeia, nem de a estrela se ter detido diante de uma casinha simples. Vêm de tão longe para ver um rei, e são conduzidos a uma casa pequena de uma aldeia! Quantos ensinamentos para nós!

Corremos talvez o perigo de não perceber completamente até que ponto o Senhor está perto das nossas vidas, “porque Deus se apresenta a nós sob a insignificante aparência de um pedaço de pão, porque não se revela na sua glória, porque não se impõe irresistivelmente, porque, enfim, desliza sobre a nossa vida como uma sombra, ao invés de fazer retumbar o seu poder sobre as coisas... Quantas almas oprimidas pela dúvida, porque Deus não se mostra como elas esperam!...”4

Muitos dos habitantes de Belém viram em Jesus uma criança semelhante às outras. Os Magos souberam ver nela o Menino-Deus, a quem, desde então, todos os séculos adoram. E a sua fé valeu-lhes um privilégio singular: serem os primeiros entre os gentios a adorá-lo, quando o mundo ainda o desconhecia. Como deve ter sido grande a alegria destes homens, vindos de tão longe, por terem podido contemplar o Messias pouco tempo depois de ter chegado ao mundo! Devemos estar atentos, porque o Senhor também se nos manifesta nas coisas habituais de cada dia. Saibamos recuperar essa luz interior que permite quebrar a monotonia dos dias iguais e encontrar Jesus na nossa vida normal.

E, entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram5. “Nós também nos ajoelhamos diante de Jesus, do Deus escondido na humanidade: repetimos-lhe que não queremos dar as costas à sua chamada divina, que não nos afastaremos dEle; que tiraremos do nosso caminho tudo o que for obstáculo à fidelidade; que desejamos sinceramente ser dóceis às suas inspirações”6.

Adoraram-no. Sabem que é o Messias, Deus feito homem. O Concílio de Trento cita expressamente esta passagem da adoração dos Magos ao tratar do culto que se deve a Cristo na Eucaristia. Jesus presente no Sacrário é o mesmo que estes homens sábios encontraram nos braços de Maria. Talvez devamos ver como o adoramos quando está exposto no ostensório ou escondido no Sacrário, com que devoção nos ajoelhamos durante a Santa Missa nos momentos indicados, ou sempre que passamos por lugares onde está reservado o Santíssimo Sacramento.

II. OS MAGOS, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes de ouro, incenso e mirra7: os dons mais preciosos do Oriente; o melhor para Deus.

Oferecem-lhe ouro, símbolo da realeza. Nós, como cristãos, queremos também oferecer-lhe, em sinal de submissão, “o ouro fino do espírito de desprendimento do dinheiro e dos meios materiais. Não esqueçamos que são coisas boas, que procedem de Deus. Mas o Senhor dispôs que as utilizássemos sem nelas deixar o coração, fazendo-as render em proveito da humanidade”8.

Com os Magos, oferecemos-lhe incenso, o perfume que era queimado todas as tardes no altar como símbolo da esperança posta no Messias. São incenso “os desejos – que sobem até o Senhor – de levar uma vida nobre, da qual se desprenda o bonus odor Christi (2 Cor 2, 15), o perfume de Cristo [...]. O bom perfume do incenso é o resultado de uma brasa que queima sem espetáculo uma grande quantidade de grãos. O bonus odor Christi faz-se sentir entre os homens, não pelas labaredas de um fogo de palha, mas pela eficácia de um rescaldo de virtudes: a justiça, a lealdade, a fidelidade, a compreensão, a generosidade, a alegria”9.

E, com os Reis Magos, oferecemos também mirra, porque Deus encarnado tomará sobre si as nossas enfermidades e carregará as nossas dores. A mirra é “o sacrifício que não deve faltar na vida cristã. A mirra traz-nos à lembrança a paixão do Senhor: na Cruz, dão-lhe a beber mirra misturada com vinho (cfr. Mc 15, 23), e com mirra ungiram o seu corpo para a sepultura (cfr. Jo 19, 39). Mas não pensemos que a reflexão sobre a necessidade do sacrifício e da mortificação significa introduzir uma nota de tristeza na festa alegre que hoje celebramos. Mortificação não é pessimismo nem espírito acre”10; muito pelo contrário, está intimamente relacionada com a alegria, com a caridade, com a preocupação de tornar agradável a vida aos outros.

Via de regra, “não consistirá em grandes renúncias, que aliás não são freqüentes. Há de compor-se de pequenas vitórias: sorrir para quem nos aborrece, negar ao corpo o capricho de uns bens supérfluos, acostumar-se a escutar os outros, fazer render o tempo que Deus põe à nossa disposição... E tantos outros detalhes, aparentemente insignificantes – contrariedades, dificuldades, dissabores – que surgem ao longo do dia sem que os procuremos”11.

Podemos fazer diariamente a nossa oferenda ao Senhor, porque diariamente podemos ter um encontro com Ele na Santa Missa e na Comunhão: podemos colocar na patena do sacerdote a nossa oblação, feita de coisas pequenas que Jesus aceitará. Se o fizermos com reta intenção, essas pequenas coisas que oferecermos ganharão muito mais valor que o ouro, o incenso e a mirra, porque se unirão ao sacrifício de Cristo, Filho de Deus, que se oferece a si próprio12.

III. COM A FESTA DE HOJE, a Igreja proclama a manifestação de Jesus a todos os homens, de todos os tempos, sem distinção de raça ou nação. Ele “instituiu a nova aliança no seu sangue, convocando entre os judeus e os gentios um povo que se congregará na unidade... e constituirá o novo Povo de Deus”13. Nos Reis Magos, vemos milhares de almas de toda a terra que se põem a caminho para adorar o Senhor. Passaram vinte séculos desde aquela primeira adoração, e esse longo desfile do mundo gentio continua chegando a Cristo.

A festa da Epifania incita todos os fiéis a partilharem dos anseios e fadigas da Igreja, que “ora e trabalha ao mesmo tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo”14. Nós podemos ser daqueles que, estando no mundo, imersos nas realidades temporais, viram a estrela de uma chamada de Deus e são portadores dessa luz interior que se acende em conseqüência do trato diário com Jesus. Sentimos, pois, a necessidade de fazer com que muitos indecisos ou ignorantes se aproximem do Senhor e purifiquem a sua vida.

A Epifania é a festa da fé e do apostolado da fé. “Participam desta festa tanto os que já chegaram à fé como os que se põem a caminho para alcançá-la [...]. Participa desta festa a Igreja, que cada ano se torna mais consciente da amplitude da sua missão. A quantos homens é necessário levar ainda a fé! Quantos homens é preciso reconquistar para a fé que perderam, numa tarefa que é às vezes mais difícil do que a primeira conversão! No entanto, a Igreja, consciente desse grande dom, o dom da Encarnação de Deus, não pode deter-se, não pode parar nunca. Deve procurar continuamente o acesso a Belém para todos os homens e para todas as épocas. A Epifania é a festa do desafio de Deus”15.

A Epifania recorda-nos que devemos esforçar-nos por todos os meios ao nosso alcance para que os nossos amigos, familiares e colegas se aproximem de Jesus: para uns, será fazer com que leiam um livro de boa doutrina; para outros, dizer-lhes ao ouvido umas palavras vibrantes a fim de que se decidam a pôr-se a caminho; para outros, enfim, falar-lhes da necessidade de uma formação espiritual.

Ao terminarmos hoje a nossa oração, não pedimos a estes santos Reis que nos dêem ouro, incenso e mirra; parece mais lógico que lhes peçamos que nos ensinem o caminho que leva a Cristo, a fim de que cada dia lhe levemos o nosso ouro, incenso e mirra. Peçamos também “à Mãe de Deus, que é nossa Mãe, que nos prepare o caminho que conduz à plenitude do amor: Cor Mariae dulcissimum, iter para tutum! Seu doce coração conhece o caminho mais seguro para encontrarmos o Senhor. Os Reis Magos tiveram uma estrela; nós temos Maria, Stella maris, Stella Orientis”16.

(1) Antífona de entrada da Missa do dia 6 de janeiro; (2) Sl 71; Salmo responsorial da Missa do dia 6 de janeiro; (3) Mt 2, 10; (4) Jacques Leclercq, Seguindo o ano litúrgico, pág. 100; (5) Mt 2, 11; (6) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 35; (7) Mt 2, 11; (8) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 35; (9)ibid., n. 36; (10) ibid., n. 37; (11) ibid.; (12) cfr. Oração sobre as oferendas da Missa do dia 6 de janeiro; (13) Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 9; (14) ibid., 17; (15) João Paulo II, Homilia, 6-I-1979; (16) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 38.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Santa Ângela de Folígno

04 de Janeiro

Santa Ângela de Folígno

Santa Ângela era da Itália, nasceu de uma rica família da cidade de Folígno no ano de 1248. Por isso ela é chamada de Santa Ângela de Foligno. Desde cedo teve uma educação nobre, viveu em meio à fartura e aos prazeres mundanos. Seus pais não lhe deram uma educação cristã e pouco se preocupavam com a religião. Ângela herdou essa marca de paganismo. Viveu numa sociedade que valorizava demais as aparências e a vaidade.

Ângela casou-se muito nova com um cavaleiro de sua terra, teve muitos filhos e cuidava bem deles. Gostava de festas e divertimento, mas enxergava a vida além das realidades materiais. Gostava de roupas novas, joias, aparências tudo que uma vida mundana oferece. Mais tarde, seus pais se converteram e aconselhavam Santa Ângela a mudar de vida, mas ela não lhes dava ouvidos. Os pais passaram a rezar muito por ela.

Tudo parecia ir bem com Ângela, até que uma grande tragédia aconteceu em sua vida: dois de seus filhos morreram tragicamente. Então, as coisas das quais Santa Ângela gostava e nas quais colocava sua confiança, passaram a não ter mais sentido para ela.

Aparências? De que valem os elogios dos outros se seu coração está em pedaços? O que o mundo pode oferecer a alguém que tem perdas tão grandes? Assim, com o coração partido, cansada de viver de aparências e vendo que esse gosto pelas aparências a conduzia a um buraco cada vez maior, Ângela começou a olhar para si mesma à procura da verdade e de um sentido na vida.

Ângela foi sincera em sua busca e Deus a atendeu. Mais tarde, em sua autobiografia, ela escreveu: Descontente de mim mesma, comecei a pensar seriamente em minha vida. Deus mostrou meus pecados, e minha alma encheu-se de pavor! Prevendo a possibilidade da minha condenação, tamanha era a minha vergonha, que não tive coragem de confessar todos os meus pecados. Assim, várias vezes ocorreu que recebi o Santo Sacramento em pecado. Vi minha consciência atormentada dia e noite. Pedi a Nossa Senhora para me conduzir a um sacerdote esclarecido para fazer minha confissão geral. Esta oração foi atendida, mas não senti nenhum amor a Deus, mas tanto mais arrependimento, dor, e vergonha dos meus pecados. Convertendo-se, Ângela ficou firme e fiel no caminho do amor e da santidade, santificando-se na dedicação à sua família. Alcançou a graça de um grande arrependimento de seus pecados e uma poderosa devoção a Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo.

Santa Ângela tinha reconstruído sua vida, agora com base no Evangelho e na fé em Deus. Porém, mais perdas aconteceriam: seu marido e filhos (todos) faleceram vítimas de doenças. O sofrimento foi muito grande, como é de se esperar. Porém, Ângela segurou na mão de Deus e procurou uma vida de oração.

Foi então que ela fez uma peregrinação a Assis. Lá, teve uma profunda experiência do amor de Deus e modificou radicalmente a sua vida. Vendeu seus bens e doou aos pobres, viveu uma vida recolhida em oração e, sempre que podia, ia a Assis em peregrinações.

Aos pés do crucifixo, Santa Ângela santificou sua viuvez, fez voto de castidade e pobreza e entrou para a Ordem Terceira de São Francisco. Tinha revelações e visões de Jesus. Sentiu em si mesma muitos sofrimentos da Cruz de Cristo. Passou também por grandes tentações. Estas, na verdade, eram o maior sofrimento de Santa Ângela. Foi fortemente tentada a abandonar a fé e a voltar ao materialismo de sua vida passada.

Santa Ângela, porém, com muita oração e sacrifício, superava todas as provações. Ela escreveu: Seria mais tolerável para mim sofrer todas as dores, suportar as torturas mais horrorosas dos mártires, que me ver exposta às tentações diabólicas contra a pureza. Ela orava e visitava os pobres ajudando material e espiritualmente a todos. Um dia ela teve um sonho com São Francisco de Assis dizendo para ela ir para Assis. Lá, ela escreveu relatando vários acontecimentos místicos sobre a Paixão de Jesus Cristo. Em seu livro Experiências Espirituais narra que chegou a sentir todas as dores do flagelo de Jesus. Este livro passou a ser a base na formação das religiosas de seu tempo e rendeu a Santas Ângela o título de Mestra dos Teólogos.

Antes de morrer, Santa Ângela recebeu os sacramentos e ficou feliz de ficar livre de todas as tentações diabólicas. Ela faleceu no dia em que tinha profetizado. Foi no dia 4 de janeiro de 1309. Está enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, em Folígno na Itália. Foi canonizada pelo Papa Inocêncio Xll.

Santa Ângela nos ensina que a vaidade, a confiança nas aparências, a busca dos elogios dos outros e dos prazeres mundanos são coisas que não dão sentido a uma vida humana. O ser humano é muito mais que tudo isso e precisa de muito mais que isso: precisa de verdade, de amor e de Jesus Cristo.

Fonte: cruzterrasanta.com.br


Naturalidade e simplicidade

TEMPO DO NATAL ANTES DA EPIFANIA. 4 DEJANEIRO

– Simplicidade e naturalidade da Sagrada Família. A simplicidade, manifestação externa da humildade.
– Simplicidade e retidão de intenção. Conseqüências da “infância espiritual”. Simplicidade no trato com Deus, com os outros e na direção espiritual.
– O que se opõe à simplicidade. Frutos desta virtude. Meios para alcançá-la.

I. O MESSIAS CHEGOU ao Templo nos braços de sua Mãe. Ninguém deve ter reparado naquele casal jovem que levava uma criança pequena para apresentar ao Senhor.

As mães tinham que esperar o sacerdote na porta oriental. Para lá foi Maria, junto com as outras mulheres, à espera de que chegasse a sua vez para que o sacerdote tomasse nos braços o seu Filho. A seu lado estava José, pronto para pagar o resgate. A cerimônia da purificação de Maria e do resgate do Menino do serviço do Templo não se distinguiu exteriormente em nada do que costumava acontecer nessas ocasiões.

Toda a vida de Maria está penetrada de uma profunda simplicidade. A sua vocação de Mãe do Redentor realizou-se sempre com naturalidade. Aparece na casa de sua prima Isabel para ajudá-la e servi-la durante meses; prepara os panos e a roupa para o seu Filho; vive trinta anos junto dEle, sem se cansar de olhá-lo, com um relacionamento amabilíssimo, mas cheio de simplicidade. Quando em Caná alcança do seu Filho o primeiro milagre, fá-lo com tal naturalidade que nem sequer os noivos se apercebem do fato portentoso. Em nenhum momento faz alarde de privilégios especiais: “Maria Santíssima, Mãe de Deus, passa despercebida, como mais uma, entre as mulheres do seu povo. – Aprende dEla a viver com «naturalidade»”1.

Seu Filho, Jesus, é o modelo da simplicidade perfeita, durante os trinta anos da vida oculta e sempre: quando começa a pregar a Boa Nova, não desenvolve uma atividade ruidosa, chamativa, espetacular. Jesus é a própria simplicidade, quer quando nasce ou é apresentado no Templo, quer quando manifesta a sua divindade por meio de milagres que só Deus podia fazer.

O Salvador foge do espetáculo e da vanglória, dos gestos falsos e teatrais; faz-se acessível a todos: aos enfermos desenganados que o procuram cheios de confiança para implorar-lhe remédio para os seus padecimentos; aos Apóstolos que lhe perguntam sobre o sentido das parábolas; às crianças que o abraçam com confiança.

A simplicidade é uma das manifestações da humildade. Opõe-se radicalmente a tudo o que é postiço, artificial, enganoso. E é uma virtude especialmente necessária no relacionamento com Deus e no convívio diário.

“Naturalidade. – Que a vossa vida de cavalheiros cristãos, de mulheres cristãs – o vosso sal e a vossa luz – flua espontaneamente, sem esquisitices nem pieguices; levai sempre convosco o vosso espírito de simplicidade”2.

II. SE O TEU OLHO for simples, todo o teu corpo estará iluminado3. A simplicidade exige transparência e retidão de intenção, de modo a não termos uma dupla vida, servindo a dois senhores: a Deus e a nós próprios. Requer, além disso, uma vontade forte, que nos leve a escolher o bem, a impor-nos às tendências desordenadas de uma vida exclusivamente voltada para o sensível, e a dominar tudo o que há de turvo e complicado no homem. A alma simples avalia as coisas, as pessoas e os acontecimentos segundo um juízo reto iluminado pela fé, não pelas impressões do momento4.

A simplicidade é uma conseqüência e uma característica da chamada “infância espiritual”, a que o Senhor nos convida especialmente nestes dias em que contemplamos o seu nascimento e a sua vida oculta: Em verdade vos digo, se não vos converterdes e vos fizerdes como crianças – pela simplicidade e inocência –, não entrareis no Reino dos céus5. Dirigimo-nos ao Senhor como crianças, sem atitudes rebuscadas nem fingidas, porque sabemos que Ele não repara tanto na aparência externa, antes olha o coração6. Sentimos sobre nós o olhar amável do Senhor, que nos convida a ser autênticos, a conversar com Ele numa oração pessoal, direta, confiante. Por isso temos que fugir de qualquer formalismo no relacionamento com Deus, ainda que deva haver uma “urbanidade da piedade”7, que nos leve a mostrar-nos delicados com Ele, especialmente no culto, na liturgia; mas o respeito não é convencionalismo nem pura atitude externa, pois mergulha as suas raízes numa sincera piedade do coração.

Na luta ascética, devemos reconhecer-nos tal como somos na realidade e aceitar as nossas limitações, compreendendo que Deus as abarca com o seu olhar e conta com elas. E isto, longe de inquietar-nos, deve levar-nos a confiar mais nEle, a pedir a sua ajuda para vencer os defeitos e para alcançar as metas que nos parecem necessárias em cada momento da nossa vida interior.

Se formos simples com Deus, saberemos sê-lo com aqueles com quem estamos todos os dias, com os nossos parentes, amigos e colegas. É simples quem atua e fala em íntima harmonia com o que pensa e deseja, quem se mostra aos outros tal como é, sem aparentar o que não é ou o que não possui.

É sempre uma grande alegria encontrar uma alma chã, sem pregas nem recantos, em quem se pode confiar, como Natanael, que mereceu o elogio do Senhor: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há duplicidade nem engano8. Em sentido contrário, o Senhor alerta-nos contra os falsos profetas que vêm a vós disfarçados9, contra aqueles que pensam de um modo e atuam de outro.

Na convivência diária, toda a complicação levanta obstáculos entre os outros e nós, e afasta-nos de Deus: “Essa ênfase e esse ar emproado ficam-te mal; vê-se que são postiços. – Procura, pelo menos, não os empregar com o teu Deus, nem com o teu Diretor, nem com os teus irmãos. E haverá uma barreira a menos entre ti e eles”10.

De maneira especial, devemos mostrar-nos cheios de simplicidade na direção espiritual, abrindo a alma com clareza e transparência, desejosos de que nos conheçam bem, e fugindo das generalidades, dos circunlóquios e das meias verdades, dispostos a não ocultar nada. O Senhor quer que manifestemos de modo direto e simples aquilo que sentimos, as alegrias e as preocupações, os motivos da nossa conduta.

III. A SIMPLICIDADE e a naturalidade são virtudes extraordinariamente atraentes: para compreendê-lo, basta olhar para Jesus, Maria e José. Mas devemos saber que são virtudes difíceis, sobretudo por causa da soberba, que nos leva a formar uma ideia exagerada sobre nós próprios e a querer parecer diante dos outros mais do que somos ou temos.

Sentimo-nos humilhados tantas vezes porque desejamos ser o centro da atenção e da estima dos que nos rodeiam; porque não reconhecemos que há ocasiões em que atuamos mal; porque não nos conformamos com fazer e desaparecer, sem mendigar a recompensa de uma palavra de louvor ou de gratidão.

Muitas vezes complicamos a vida porque não aceitamos as nossas limitações, porque nos levamos demasiado a sério.

A soberba pode induzir-nos a falar excessivamente de nós mesmos, a pensar quase que exclusivamente nos nossos problemas pessoais, ou a procurar chamar a atenção por caminhos às vezes complexos e retorcidos; pode até fazer-nos simular doenças inexistentes, ou alegrias e tristezas que não correspondem ao nosso estado de ânimo.

O pedantismo, a afetação, a jactância, a hipocrisia e a mentira opõem-se à simplicidade e, portanto, à amizade, dificultando uma convivência amável. São também por isso um verdadeiro obstáculo para a vida de família.

Mas a simplicidade que o Senhor nos ensina não é ingenuidade: Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas11. Os cristãos devem caminhar pelo mundo com estas duas virtudes – simplicidade e prudência –, que se aperfeiçoam mutuamente.

Para sermos simples, é necessário cuidarmos da retidão de intenção em nossas ações, que devem estar voltadas unicamente para Deus: só assim poderão prevalecer sobre os nossos sentimentos complicados, sobre as impressões do momento ou sobre a confusa vida dos sentidos.

E juntamente com a retidão de intenção, a sinceridade clara, breve – rude até, se for necessário – para expormos as nossas fraquezas, sem tentar dissimulá-las ou negá-las: “Repara: os apóstolos, com todas as suas misérias patentes e inegáveis, eram sinceros, simples..., transparentes. – Tu também tens misérias patentes e inegáveis. – Oxalá não te falte simplicidade”12.

Para aprendermos a ser simples, contemplemos Jesus, Maria e José em todas as cenas da infância do Senhor, no meio da sua vida normal. Peçamos à Sagrada Família que nos faça como crianças, a fim de podermos relacionar-nos com Deus de forma pessoal, sem anonimato, sem medo.

(1) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 499; (2) ibid., n. 379; (3) Mt 6, 22; (4) cfr. Ignacio Celaya, verbete Simplicidad, em Gran Enciclopedia Rialp, Madrid, 1971, vol. 21, págs. 173-174; (5) Mt 18, 2-3; (6) 1 Sam 16, 7; (7) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 541; (8) Jo 1, 47; (9) Mt 7, 15; (10) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 47; (11) Mt 10, 16; (12) Bem-aventurado Josemaría Escrivá,Caminho, n. 932.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


04 de Janeiro 2020

A SANTA MISSA

4 de Janeiro – Tempo do Natal 
Cor: Branca

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1ª Leitura: 1Jo 3, 7-10

“Não pode pecar, porque nasceu de Deus”  

Leitura da Primeira Carta de São João

7 Filhinhos, que ninguém vos desencaminhe. O que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. 8 Aquele que comete o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo. 9 Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque a semente de Deus fica nele; ele não pode pecar, pois nasceu de Deus. 10 Nisto se revela quem é filho de Deus e quem é filho do diabo: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama seu irmão.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 97(98), 1.7-8.9 (R. 3a)

R. Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.

1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo, *
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo *
alcançaram-lhe a vitória.      R. 

7 Aplauda o mar com todo ser que nele vive, *
o mundo inteiro e toda gente!
8 As montanhas e os rios batam palmas *
e exultem de alegria,       R. 

9 na presença do Senhor, pois ele vem, *
vem julgar a terra inteira.
Julgará o universo com justiça *
e as nações com equidade.       R.

Evangelho: Jo 1, 35-42 

“Encontramos o Messias” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, 35 João estava de novo com dois de seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. 38 Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “Que estais procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?” 39 Jesus respondeu: “Vinde ver”. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. 41 Ele foi logo encontrar seu irmão Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias (que quer dizer: Cristo)”. 42 Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra).

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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A Profecia de Simeão

TEMPO DO NATAL ANTES DA EPIFANIA. 3 DE JANEIRO

– A Sagrada Família no Templo. O encontro com Simeão. Os nossos encontros com Jesus.
– Maria, Corredentora com Cristo. O sentido da dor.
– A Virgem nos ensina a corredimir. Oferecer a Deus a dor e as contradições. Desagravar. Apostolado com os que nos rodeiam.

I. QUANDO SE COMPLETARAM os dias da purificação de Maria, a Sagrada Família subiu novamente a Jerusalém para cumprir duas prescrições da Lei de Moisés: a da purificação da mãe e a da apresentação e resgate do primogênito no Templo1.

Dado o parto virginal de Nossa Senhora e tratando-se do nascimento do Filho de Deus, nenhuma dessas leis obrigava Maria ou Jesus. Mas Maria comporta-se nisso como qualquer mulher judia piedosa da sua época. “Maria foi purificada – diz São Tomás – para dar exemplo de obediência e de humildade”2.

Jesus é oferecido a seu Pai por mãos de Maria. Nunca se oferecera nada de semelhante naquele Templo, e nunca se tornaria a oferecer. A oferenda seguinte seria feita pelo próprio Jesus, fora da cidade, sobre o Gólgota. Hoje, muitas vezes por dia, Jesus é oferecido na Santa Missa à Santíssima Trindade, num Sacrifício de valor infinito.

Maria e José ofereceram o Menino a Deus e, uma vez resgatado, receberam-no de novo. Como pobres que eram, pagaram o resgate de valor mínimo: um par de rolas. Maria cumpriu os ritos da purificação.

Quando chegaram às portas do Templo, apresentou-se diante deles um ancião de nome Simeão, homem justo e temente a Deus, que esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele3. Viera ao Templo movido pelo Espírito Santo4. Tomou o Menino em seus braços e bendisse a Deus dizendo: Agora, Senhor, já podes levar em paz deste mundo o teu servo, conforme a tua promessa, porque os meus olhos viram o Salvador que preparaste ante a face de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel5. Maria e José estavam admirados.

Simeão mereceu conhecer a chegada do Messias, universalmente desconhecida, porque toda a sua vida consistiu numa ardente espera de Jesus. Agora dava por realizada a sua existência: Nunc dimittis servum tuum, Domine... Agora, Senhor, já podes levar em paz deste mundo o teu servo...

Simeão dá por bem realizada a sua vida: chegou a conhecer o Messias, o Salvador do mundo. Esse encontro foi a coisa realmente importante da sua vida, o instante para o qual vivera. Não se importou de ver somente uma criancinha, que chegava ao Templo levada por uns pais jovens, dispostos a cumprir as prescrições da Lei, da mesma forma que outras dezenas de famílias. Ele sabe que aquele Menino é o Salvador: Meus olhos viram o Salvador. Isso lhe basta; já pode morrer em paz. Os dias que viveu depois deste acontecimento não devem ter sido muitos.

Nós não podemos esquecer-nos de que, com esse mesmo Salvador, que foi posto ante a face de todos os povos como luz, tivemos não só um, mas muitos encontros; talvez até o tenhamos recebido milhares de vezes ao longo da nossa vida, na Sagrada Comunhão. Encontros mais íntimos e mais profundos que o de Simeão. E doem-nos agora as comunhões que tenhamos feito com menos atenção, e formulamos o propósito de que o próximo encontro com Jesus na Sagrada Eucaristia seja pelo menos como o de Simeão: cheio de fé, de esperança e de amor, para que também nós possamos dizer: Meus olhos viram o Salvador.

II. O VELHO SIMEÃO, depois de abençoar os jovens esposos, dirige-se a Maria e, movido pelo Espírito Santo, descobre-lhe os sofrimentos que o Menino virá a padecer um dia e a espada de dor que lhe trespassará a alma: Ele, diz-lhe Simeão, apontando para Jesus, foi posto para ruína e elevação de muitos em Israel, e para sinal de contradição; e uma espada atravessará a tua alma, para que se descubram os pensamentos de muitos corações6.

“Virá um tempo – diz São Bernardo – em que Jesus não será oferecido no Templo nem entre os braços de Simeão, mas fora da cidade e entre os braços da cruz. Virá um tempo em que não será redimido com o que é alheio, antes redimirá os outros com o seu próprio sangue, porque Deus Pai o enviou em resgate do seu povo”7.

O sofrimento da Mãe – a espada que trespassará a sua alma – terá como único motivo as dores do Filho, a sua condenação e morte, e a incerteza do momento em que tudo isso aconteceria, bem como a resistência de muitos à graça da Redenção. O destino de Maria está traçado sobre o de Jesus, em função dele e sem outra razão de ser.

Desde o começo, a vida de Jesus e a de sua Mãe estão marcadas pelo sinal da Cruz. À alegria do Nascimento sobrepõem-se imediatamente a privação e a angústia. Maria sabe já desde esses primeiros momentos a dor que a espera. Quando chegar a sua hora, contemplará a paixão e morte do seu Filho sem um protesto, sem uma queixa. Sofrendo como nenhuma mãe é capaz de sofrer, aceitará a dor com serenidade, porque conhece o seu sentido redentor. “Assim avançou também a Bem-Aventurada Virgem na peregrinação da fé. Manteve-se erguida (cfr. Jo 19, 25), sofrendo profundamente com o seu Unigênito e associando-se com ânimo materno ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vítima que ela mesma havia gerado”8. A dor de Maria é particular e própria, e está relacionada com o pecado dos homens. É uma dor de corredenção. A Igreja atribuirá à Virgem o título de Corredentora.

Nós aprendemos com Maria o valor e o sentido das contrariedades que a vida aqui na terra traz consigo. Com Ela aprendemos a santificar a dor, unindo-a à do seu Filho e oferecendo-a ao Pai. A Santa Missa é o melhor momento para oferecermos tudo o que a nossa vida tem de mais custoso. E ali encontramos Nossa Senhora.

III. POR VONTADE DE DEUS, Simeão iniciou Maria no mistério profundo da Redenção e comunicou-lhe que o Senhor lhe havia designado um lugar especial na paixão de seu Filho. Com a profecia do velho Simeão, passou a fazer parte da vida de Maria um elemento novo, que nEla havia de permanecer até que chegasse o momento de estar ao pé da Cruz de Jesus.

Os Apóstolos, apesar das numerosas declarações e ensinamentos do Senhor, não chegaram a compreender inteiramente, a não ser após a Ressurreição, que era preciso que o Messias padecesse muito por parte dos escribas e dos príncipes dos sacerdotes9; Maria soube desde o início que uma grande dor esperava por Ela, e que essa dor estava relacionada com a redenção do mundo. Ela, que guardava e meditava tudo em seu coração10, deve ter refletido freqüentemente sobre as misteriosas palavras de Simeão. Por um processo que nós não podemos compreender inteiramente, o seu coração fez-se semelhante ao de seu Filho.

A sua dor redentora “é sugerida tanto na profecia de Simeão como no relato da Paixão do Senhor. Ele – dizia o ancião referindo-se ao Menino que tinha nos seus braços – foi posto para ruína e elevação de muitos em Israel, e para sinal de contradição; e uma espada trespassará a tua alma... Com efeito, quando o teu Jesus – que é de todos, mas especialmente teu – entregou o espírito, a lança cruel não alcançou a sua alma. Se lhe abriu impiedosamente o lado, estando já morto, no entanto não lhe pôde causar dor. Mas atravessou a tua alma; naquele momento a dEle não estava ali, mas a tua não podia de maneira nenhuma separar-se dEle”11.

O Senhor quis associar os cristãos à sua obra redentora no mundo para que cooperassem com Ele na salvação de todos. Cumpriremos esta missão se executarmos com retidão os nossos menores deveres e os oferecermos pela salvação das almas, enfrentando com serenidade e paciência a dor, a doença e a oposição, e realizando um apostolado eficaz à nossa volta. Normalmente, o Senhor nos pede que comecemos por aqueles que estão mais ligados a nós, por vínculos de família, de amizade, de trabalho, de vizinhança ou de estudos, etc. Assim procedeu Jesus, como também os seus Apóstolos.

Pedimos hoje a Santa Maria, nossa Mãe, que nos ensine a santificar a dor e a contradição, que saibamos uni-las à Cruz, que desagravemos freqüentemente pelos pecados do mundo e que cresçam cada dia em nós os frutos da Redenção. Ó Mãe de piedade e misericórdia, que acompanhastes o vosso Filho quando realizava a redenção do gênero humano no altar da cruz, como nossa Corredentora associada às suas dores [...], conservai e aumentai em nós os frutos da Redenção e da vossa compaixão12.

(1) Cfr. Lev 12, 2-8; Êx 13, 2; 12-13; (2) São Tomás, Suma Teológica, 1-2, q. 1, a. 2; (3) cfr. Lc 2, 25; (4) Lc 2, 27; (5) Lc 2, 29-32; (6) Lc 2, 34-35; (7) São Bernardo, Sermão 3, do Menino, de Maria e de José; PL 183, 370-371; (8) Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 58; (9) cfr. Mt 16, 21; (10) Lc 2, 19; (11) São Bernardo, Sermão para o domingo da oitava da Assunção, 14; (12) Pio XI, Oração no encerramento do jubileu da Redenção, em H. Marin, Doctrina Pontificia, vol. IV, Madrid, 1954, n. 647.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Santíssimo Nome de Jesus

03 de Janeiro

Santíssimo Nome de JESUS

Neste dia 3 de janeiro, a Igreja celebra do Dia do Santíssimo Nome de Jesus. “Este é aquele santíssimo nome desejado pelos patriarcas, esperado com ansiedade, suplicado com gemidos, invocado com suspiros, requerido com lágrimas, dado ao chegar a plenitude da graça”, dizia São Bernardino de Sena.

O Santíssimo Nome de Jesus começou a ser venerado nas celebrações litúrgicas do século XIV. São Bernardino de Sena e seus discípulos propagaram o culto ao Nome de Jesus. Em 1530, o Papa Clemente VI concedeu pela primeira vez à Ordem Franciscana a celebração do Ofício do Santíssimo Nome de Jesus.

 

São Bernardino costumava carregar uma pequena imagem que mostrava a Eucaristia com raios saindo dela e, no meio, via-se o monograma “IHS”, abreviação do Nome de Jesus em grego (ιησουσ).

Mais tarde, a tradição devocional acrescentou um significado às siglas: “I”, Iesus (Jesus); “H”, Hominum (dos homens); “S”, Salvator (Salvador). Juntos, querem dizer Jesus, Salvador dos Homens.

Santo Inácio de Loyola e os jesuítas fizeram deste monograma o emblema da Companhia de Jesus.

O Nome de Jesus, invocado com confiança:

  • Oferece ajuda nas necessidades corporais, segundo a promessa de Cristo: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18). No Nome de Jesus, os Apóstolos deram força aos aleijados (At 3,6; 9,34) e vida aos mortos (At 9,40).
  • Dá confiança nas provações espirituais. O Nome de Jesus recorda ao pecador o “pai do filho pródigo” e o bom samaritano; ao justo, recorda o sofrimento e a morte do inocente Cordeiro de Deus. Protege-nos de Satanás e de suas artimanhas, pois o diabo teme ao Nome de Jesus, quem o venceu na Cruz.
  • No Nome de Jesus, obtemos toda bênção e graça no tempo e na eternidade, pois Cristo disse: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará” (Jo 16,23). Portanto, a Igreja termina todas as suas orações com as palavras: “Por Jesus Cristo, nosso Senhor”, etc. Assim, cumpre-se a palavra de São Paulo: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Fl 2,10).

Oração de São Bernardino de Sena:

"Ó nome glorioso, gracioso, amoroso e animoso! Por ti se perdoam todos os pecados, se vence o inimigo, se curam os enfermos e nas adversidades se encorajam e consolam os que sofrem. Tu és a glória dos que crêem, o mestre dos que pregam, a força dos que trabalham, o remédio dos que estão em necessidade. Ao calor e fervor do teu fogo, os bons desejos encandescem; as orações que se fazem têm bom despacho; as almas contemplativas se arroubam; e sumamente se alegram os que já triunfam no paraíso. Com os quais, por este vosso santíssimo Nome, fazei que reinemos, ó dulcíssimo Jesus."

Fonte: https://www.acidigital.com

03 de Janeiro 2020

A SANTA MISSA

3 de Janeiro – Tempo do Natal 
Cor: Branca

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1ª Leitura: 1Jo 2, 29 – 3, 6

“Quem permanece n’Ele não peca” 

Leitura da Primeira Carta de São João

Caríssimos: 29 Já que sabeis que ele é justo, sabei também que todo aquele que pratica a justiça nasceu dele. 3,1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. 2 Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. 3 Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro. 4 Todo o que comete pecado comete também a iniquidade, porque o pecado é a iniquidade. 5 Vós sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados e que nele não há pecado. 6 Todo aquele que peca mostra que não o viu, nem o conheceu.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 97(98), 1.3cd-4.5-6 (R. 3a)

R. Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.

1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória.      R.

3c Os confins do universo contemplaram*
3d a salvação do nosso Deus.
4 Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai!       R.

5 Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
6 Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei!       R.

Evangelho: Jo 1, 29-34 

“Eis o Cordeiro de Deus”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

29 No dia seguinte, João viu Jesus aproximar-se dele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30 Dele é que eu disse: Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim. 31 Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a Israel”. 32 E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele. 33 Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’. 34 Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!”

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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2020


“Queridos filhos! Eu sei que estou presente nas suas vidas e em seus corações. Sinto o amor de vocês. Sinto as suas orações e as levo ao Meu Filho. Porém, filhos Meus, desejo estar, com amor materno, na vida de todos os Meus filhos. Desejo juntar todos os Meus filhos em torno de Mim, embaixo do Meu manto materno. Por isso os chamo, apóstolos do Meu amor e os peço que me ajudem. Filhos Meus, Meu Filho pronunciou as palavras “Pai Nosso” e “Pai nosso que está onipresente em nossos corações” porque deseja ensiná-los a rezar com as palavras e com os sentimentos. Deseja que melhorem sempre, que vivam o amor misericordioso, que é oração e sacrifício infinito pelos outros. Filhos Meus, deem a Meu Filho o amor ao próximo, deem palavras de consolo, compaixão e de bondade ao próximo. Tudo aquilo que derem ao próximo, apóstolos do Meu Amor, meu Filho o recebe como um dom, e Eu estou com vocês, porque o Meu Filho deseja que o Meu amor, como um facho de luz, reavive as almas de modo que os ajude na busca da paz e da felicidade eternas. Por isto, filhos Meus, amem-se uns aos outros, estejam unidos em Meu Filho, sejam filhos do Senhor, todos juntos com os corações abertos e puros pronunciem o Pai Nosso e não tenham medo.Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Hoje convido vocês a rezarem ainda mais, até que em seus corações sintam a santidade do perdão. Nas famílias, deve haver santidade, pois, filhinhos, não há futuro para o mundo sem amor e santidade, porque na santidade e na alegria, vocês se doam ao Deus Criador, que os ama com imenso amor. Por isso, Ele me envia a vocês. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Fui escolhida para ser a Mãe de Deus e vossa Mãe, por decisão e amor do Senhor, mas também por Minha vontade, pelo Meu amor sem limites ao Pai Celestial e a minha total confiança Nele. O Meu corpo foi o Cálice do Deus-Homem. Estive a serviço da verdade, do amor e da salvação assim como estou agora, no meio de vocês, para convidá-los, filhos Meus, apóstolos do Meu Amor, a serem portadores da verdade, para convidá-los, por meio da vossa vontade e do amor ao Meu Filho, a difundir as Suas Palavras, palavras de salvação e para mostrar, com os seus atos, a todos aqueles que não conheceram o Meu Filho, o Seu Amor. A força a encontrareis na Eucaristia: O Meu Filho que os nutre com o Seu Corpo e os reforça com o Seu Sangue. Filhos Meus, unam as mãos em oração e olhem em direção à cruz em silêncio. Deste modo encontrareis a fé a fim de que possam difundí-la, encontrareis a verdade de modo que possam distinguí-la, encontrareis o amor a fim de que possam compreender como realmente amar. Filhos Meus, apóstolos do Meu Amor, unam as mãos em oração e olhem na direção da cruz: somente na cruz está a salvação. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Neste tempo de graça desejo ver os seus rostos transformados na oração. Vocês estão tão inundados das preocupações terrenas que não sentem nem mesmo que a primavera está próxima. Filhinhos, vocês são convidados à penitência e à oração. Como a natureza luta em silêncio pela nova vida, assim também vocês são convidados a abrirem-se na oração a Deus no qual encontrarão a paz e o calor do sol da primavera nos seus corações. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! O vosso amor puro e sincero atrai o Meu Coração Materno. A vossa fé e a confiança no Pai Celestial são rosas perfumadas que Me oferecem: o buquê de rosas mais belo, formado das vossas orações, de obras de misericórdia e de caridade. Apóstolos do Meu Amor, vós que procurais seguir o Meu Filho sinceramente e com o coração puro, vós que sinceramente o amais, sejais vós a ajudar: sejais um exemplo para aqueles que ainda não conheceram o Amor do Meu Filho. Mas, filhos Meus, não somente com as palavras, mas também com obras e sentimentos puros, mediante os quais glorificareis o Pai Celeste. Apóstolos do Meu Amor, é tempo de vigília e a vós peço amor; de não julgar ninguém, porque o Pai Celeste julgará todos. Peço que vós amais, que espalheis a verdade, porque a verdade é antiga: ela não é nova, ela é eterna, ela é a Verdade! Ela dá testemunho da Eternidade de Deus. Levais a luz de Meu Filho e dissolverá as trevas que sempre mais quer dominar-vos. Não tenhais medo: pela graça e amor do Meu Filho, Eu estou com vocês! Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! O Meu Filho como Deus sempre viu além do tempo. Como Sua Mãe, Eu vejo no tempo. Vejo coisas belas e tristes. Mas vejo que existe ainda amor e que Ele deve ser encontrado. Filhos Meus, vocês não podem ser felizes se não amarem uns aos outros, se não tiverem amor em cada situação e em cada momento de suas vidas. E Eu, como Mãe, venho até vocês por amor. Deixem que os ajude a reconhecer o verdadeiro amor, a conhecerem o Meu Filho. Eis porque os convido que anseiem sempre mais e mais pelo amor, fé e esperança. A única fonte da qual vocês podem beber é da confiança em Deus, Meu Filho. Filhos Meus, nos momentos de inquietude e renúncia, procurem somente o rosto de Meu Filho. Para vocês, somente vivam as Suas Mensagens e não tenham medo. Rezem e amem com sentimentos honestos, boas ações e ajudem o mundo a mudar e ao Meu Coração Triunfar. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Eu estou com vocês todos estes anos para os guiar no caminho da salvação. Voltem ao Meu Filho, voltem à oração e ao jejum. Deixem Deus falar aos seus corações, pois satanás governa e quer destruir suas vidas e a terra em que vocês caminham. Sejam corajosos e decidam-se pela santidade. Vocês verão a conversão em seus corações e em suas famílias, a oração será ouvida. Deus ouvirá as suas súplicas e os dará a paz. Eu estou com vocês e os abençoo a todos com a Minha benção materna. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Que este tempo seja um convite para vossa conversão pessoal. Rezem, filhinhos no silêncio do Espirito Santo, para que sejam fortalecidos na fé e na confiança em Deus, para que sejam dignas testemunhas do amor que Deus lhes dá de presente através da Minha presença.  Filhinhos, não permitam que as tentações endureçam o coração e a oração se torne um deserto. Sejam o brilho do Amor Divino e testemunhem Jesus Ressuscitado nas vossas vidas. Eu estou convosco e vos amo com amor materno. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos Filhos! Este é o tempo do agradecimento. Hoje, de vocês procuro o amor, não procurem erros e enganos nos outros e não os julguem. Peço que vocês amem, que transmitam a verdade. Porque a verdade é eterna, é imutável e sempre atual! Levem a luz do Meu Filho, assim de tal modo destruirão as trevas que sempre mais querem abraçá-los e levá-los para longe do Meu Filho Jesus. Não tenham medo, Eu estou com vocês. Obrigada por terem correspondido ao Meu apelo”.


“Queridos filhos! Rezem comigo por uma nova vida para todos vocês. Em seus corações, filhinhos, vocês sabem o que devem mudar: voltem-se para Deus e aos seus mandamentos, a fim de que o Espírito Santo possa renovar as suas vidas e toda a face da Terra, que precisa ser renovada em espírito.  Filhinhos, sejam oração para aqueles que não rezam, sejam alegria para todos os que não vêem saída, sejam portadores da luz na escuridão neste tempo sem paz.  Rezem e procurem ajuda e proteção dos santos para que vocês possam desejar o Paraíso e a realidade Celestial. Eu estou com vocês e os abençoo com todas as bençãos de uma Mãe. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo.”


“Queridos filhos! Eu venho até vocês porque Me envia o Meu Filho Jesus. Desejo guiá-los até Ele, desejo que Nele encontrem a Paz, a Verdadeira Paz. Porque este mundo moderno não pode dar uma verdadeira Paz. Por isto, também hoje, os convido à perseverança na oração. Rezem pelos Meus planos, projetos que Eu desejo realizar nesta paróquia e no mundo inteiro. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo.”


“Queridos filhos! Eu estou escutando os seus clamores e orações, e estou intercedendo por vocês diante do Meu Filho Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Retornem, filhinhos, à oração e abram seus corações neste tempo de graça e entrem no caminho da conversão. Sua vida está passando e, sem Deus, não tem significado. Por isso, Eu estou guiando vocês para a santidade de vida, para que cada um de vocês possa descobrir a alegria de viver. Eu amo a todos vocês, filhinhos, e estou abençoando vocês com a Minha Bênção Maternal. Eu estou com vocês e os abençoo com todas as bençãos de uma Mãe. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo.”


“Queridos filhos! Neste tempo sem paz no qual o maligno está colhendo almas para atraí-las para si, Eu estou chamando vocês à oração perseverante, para que na oração vocês descubram o Deus de Amor e esperança. Filhinhos, tomem a Cruz nas suas mãos. Possa ela ser seu encorajamento pois o amor sempre vence, numa maneira especial agora que a Cruz e a fé são rejeitadas. Sejam um reflexo e um exemplo com suas vidas que a fé e a esperança estão sempre vivas e um novo mundo de paz é possível. Eu estou com vocês e intercedo por vocês diante do Meu Filho, Jesus. Obrigada por terem correspondido a Meu apelo.”


São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno

02 de Janeiro

São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno

Basílio santo nasceu entre santos. Basílio pobre viveu entre os pobres. Basílio filho de mártires sofreu como um mártir. Basílio sempre pregou com seus lábios e com seus bons exemplos e seguirá pregando sempre com seus admiráveis escritos”, afirmou certa vez São Gregório Nazianzeno sobre seu grande amigo São Basílio Magno. Ambos combateram contra os hereges que negavam a divindade de Jesus e sua festa é celebrada neste dia 2 de janeiro.

São Basílio

São Basílio nasceu em Cesareia (Ásia Menor), por volta do ano 330, em uma família de santos. Seus irmãos foram São Gregório de Niceia, Santa Macrina a Jovem e São Pedro de Sebaste. Seu pai foi São Basílio o Velho, sua mãe, Santa Emélia, e sua avó, Santa Macrina.

Seu companheiro de estudos e inseparável amigo na defesa da fé foi São Gregório Nazianzeno. Quando São Basílio estava no auge de sua carreira profissional, sentiu um grande impulso para abandonar o mundo e foi ajudado por sua irmã Santa Macrina, que, junto à sua mãe viúva e outras mulheres, vivia em uma comunidade em um lugar isolado.

Basílio recebeu o batismo, visitou diversos mosteiros e em um local ermo se entregou ao retiro solitário com a oração e o estudo. Uniram-se a ele alguns discípulos e formou o primeiro mosteiro da Ásia Menor. Seus ensinamentos são vividos até hoje pelos monges do oriente e influenciou até mesmo São Bento, que o considerava seu mestre.

Foi ordenado sacerdote e São Gregório Nazianzeno o incentivou a ajuda-lo com a defesa do clero, as igrejas e as verdades de fé. Foi nomeado primeiro auxiliar do Arcebispo de Cesareia e usou a herança que sua mãe tinha lhe deixado para ajudar os necessitados. Costumava sair com avental e concha distribuindo alimentos.

Mais tarde, substituiu o falecido Arcebispo e defendeu a autonomia da Igreja ante o imperador Valente. Seus fiéis adquiriram o costume de comungar com frequência. Partiu para a Casa do Pai em 1º de janeiro de 379.

São Gregório

São Gregório Nazianzeno nasceu na Capadócia (atual Turquia) no mesmo ano que São Basílio. Seu pai foi São Gregório Maior, Bispo de Nazianzo, sua mãe, Santa Nona, e seus irmãos, Santos Cesáreo e Gorgonia.

Também se uniu a São Basílio na vida solitária, mas foi ordenado sacerdote e demorou um pouco para se render a este serviço. Por volta do ano 372, São Basílio queria consagrá-lo Bispo de Sasima, lugar que estava sobre terrenos em disputa pelas duas Capadócias (território dividido). Isso trouxe inimizade entre os amigos.

Com o tempo, os santos voltaram a se reconciliar e, depois de percorrer várias cidades, São Gregório se estabeleceu em Constantinopla. Foi consagrado Bispo, mas sofreu por difamações e perseguições dos hereges.

O Concílio de Constantinopla (381) estabeleceu e confirmou as conclusões do Concílio de Niceia contra os hereges que negavam a divindade de Cristo e outras verdades de fé.

São Gregório foi nomeado Bispo de Constantinopla, mas seus inimigos colocaram em dúvida a validade de sua eleição. Por isso, para restaurar a paz, o santo voltou a Nazianzo. Ali se tornou Bispo deste território, depois foi para o retiro e partiu para a Casa do Pai em 25 de janeiro do ano 389 ou 390.

Fonte: https://www.acidigital.com


Invocar o Salvador

TEMPO DO NATAL ANTES DA EPIFANIA. 2 DE JANEIRO

– Tratar o Senhor com amizade e confiança.
– O nome de Jesus. Jaculatórias.
– O relacionamento com a Virgem Maria e com São José.

I. NA VIDA COTIDIANA, chamar uma pessoa pelo nome próprio é indício de familiaridade. “Numa amizade, mesmo casual, costuma representar um passo decisivo a circunstância de duas pessoas começarem, sem esforço e sem constrangimento, a chamar-se mutuamente pelo primeiro nome. E quando nos apaixonamos, e todas as nossas experiências se tornam mais agudas e as pequenas coisas significam tanto para nós, há um nome próprio no mundo que lança um feitiço sobre os nossos olhos e ouvidos, quando o vemos escrito na página de um livro ou o ouvimos numa conversa; o simples fato de vê-lo mencionar nos faz estremecer. Este sentido de amor pessoal foi o que homens como São Bernardo deram ao nome de Jesus”1. Também para nós o Senhor é tudo, e por isso o tratamos com toda a confiança. Em Caminho, São Josemaría Escrivá aconselha-nos: “Perde o medo de chamar o Senhor pelo seu nome – Jesus – e de lhe dizer que O amas”2.

Chamamos um amigo pelo seu nome. Como é que poderíamos deixar de chamar o nosso melhor Amigo pelo dEle? Ele se chama JESUS; assim o havia chamado o anjo antes de que fosse concebido no seio materno3.

O próprio Deus lhe deu o nome por meio do Anjo. E com o nome, ficou caracterizada a sua missão: Jesus significa Salvador. Com Ele nos chegam a salvação, a segurança e a verdadeira paz: Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo o nome, a fim de que, ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre nos céus, na terra e nos abismos4. Com que respeito e ao mesmo tempo com que confiança devemos repeti-lo! De modo particular quando o invocamos na nossa oração pessoal, como agora: “Jesus, preciso...”, “Jesus, eu quereria...”

O nome era de grande importância entre os judeus. Quando se dava o nome a um recém-nascido, desejava-se expressar o que ele havia de ser no futuro. Se não se conhecia o nome de uma pessoa, não se podia dizer que fosse realmente conhecida. Riscar um nome era suprimir uma vida, e mudá-lo significava alterar o destino da pessoa: o nome exprimia a realidade profunda do seu ser.

Entre todos os nomes, o de Deus era o nome por excelência5. Este devia ser bendito agora e para sempre, desde a aurora até o ocaso6, pois é digno de louvor da manhã até à noite7. Numa das petições do Pai-Nosso, suplicamos precisamente que seja santificado o nome do Senhor.

No povo judeu, o nome era imposto na circuncisão, rito instituído por Deus para identificar como que por uma marca e senha os que pertenciam ao Povo eleito. Era o sinal da Aliança que Deus fizera com Abraão e a sua descendência8. O incircunciso ficava excluído do pacto e, portanto, do Povo de Deus.

De acordo com esse preceito, Jesus foi circuncidado ao oitavo dia9, como dizia a Lei. Maria e José cumpriram o que estava legislado. “Cristo submeteu-se à circuncisão no tempo em que esse rito estava vigente – diz São Tomás –, e assim a sua obra nos é oferecida como exemplo a ser imitado, para que observemos as coisas que no nosso tempo estão preceituadas”10-11 e não procuremos situações de exceção ou privilégio quando não há motivo para isso.

II. TERMINADA A CIRCUNCISÃO de Jesus, seus pais, Maria e José, devem ter pronunciado pela primeira vez o nome de Jesus, cheios de uma imensa piedade e carinho.

Assim devemos nós também fazer com freqüência. Invocar o nome de Jesus é ser salvo12; crer nesse nome é chegar a ser filho de Deus13; orar nesse nome é ser escutado com toda a certeza: Em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá14. Em nome de Jesus perdoam-se os pecados15 e as almas são purificadas e santificadas16. Anunciar esse nome constitui a essência de todo o apostolado17, pois Ele “é o fim da história humana, o ponto para o qual convergem as aspirações da história e da civilização, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a plenitude de todos os seus desejos”18. Em Jesus, os homens encontram aquilo de que mais necessitam e de que estão sedentos: salvação, paz, alegria, perdão dos seus pecados, liberdade, compreensão, amizade.

“Ó Jesus..., como te compadeces dos que te invocam! Como és bom com os que te buscam! O que não serás para os que te encontram!... Só quem o experimentou pode saber o que significa amar-te, ó Jesus!” Assim exclamava São Bernardo19.

Ao invocarmos o nome do Senhor, haverá ocasiões em que estaremos na situação daqueles leprosos que, de longe, lhe suplicam: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós. E o Senhor lhes diz que se aproximem, e os cura enviando-os aos sacerdotes20. Ou teremos que repetir-lhe, porque também nós estamos cegos em tantas coisas, as palavras do cego de Jericó: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim. “Não te dá vontade de gritar, a ti, que também estás parado à beira do caminho, desse caminho da vida que é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais graças para te decidires a procurar a santidade? Não sentes a urgência de clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim? Que maravilhosa jaculatória, para que a repitas com freqüência!”21

Invocando o Santíssimo Nome de Jesus, desaparecerão muitos obstáculos e ficaremos curados de tantas doenças da alma que freqüentemente nos afligem. “Desejo que o vosso nome, ó Jesus, esteja sempre no fundo do meu coração e ao alcance das minhas mãos, a fim de que todos os meus afetos e todas as minhas ações se dirijam a Vós [...]. No vosso nome, ó Jesus!, tenho o remédio para me corrigir das minhas más ações e para aperfeiçoar as defeituosas; um medicamento, também, para preservar da corrupção os meus afetos ou curá-los, se já estiverem corrompidos”22.

As jaculatórias tornarão mais vivo o fogo do nosso amor ao Senhor e aumentarão o sentido da presença de Deus ao longo do nosso dia. Olhando para o Senhor, para Deus feito Menino por amor de nós, dir-lhe-emos cheios de confiança: Dominus iudex noster, Dominus legifer noster, Dominus rex noster; ipse salvabit nos23. O Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso rei; Ele nos há de salvar. Senhor, Jesus, confiamos em Ti, confio em Ti.

III. JUNTAMENTE COM O NOME de Jesus, devemos ter em nossos lábios os de Maria e de José: os nomes que mais vezes o Senhor deve ter pronunciado.

A piedade dos primeiros cristãos dá ao nome de Maria diversos significados: Muito amada, Estrela do Mar, Senhora, Princesa, Luz, Formosa... É São Jerônimo quem a chama Stella Maris, Estrela do Mar; Ela nos guia para o porto seguro no meio de todas as tempestades da vida.

Devemos ter com muita frequência esse nome salvador nos nossos lábios, mas de maneira especial nas nossas necessidades e dificuldades. Na nossa caminhada para Deus, não pode deixar de haver tempestades, que o Senhor permite para purificar a nossa intenção e para que cresçamos nas virtudes; e é possível que, por repararmos demasiado nos obstáculos, surja no nosso íntimo a falta de esperança ou o cansaço na luta. É o momento de recorrer a Maria, invocando o seu nome. “Se se levantarem os ventos das provações, se tropeçares com os obstáculos da tentação, olha para a estrela, chama por Maria. Se te agitarem as ondas da soberba, da ambição ou da inveja, olha para a estrela, chama por Maria. Se a ira, a avareza ou a impureza arrastarem violentamente a nave da tua alma, olha para Maria. Se, perturbado pela recordação dos teus pecados, desorientado com a fealdade da tua consciência, temeroso ante a ideia do Juízo, começares a afundar-te no poço sem fundo da tristeza ou no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da tua boca, não se afaste do teu coração; e para conseguires a sua ajuda intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás se a segues, não desesperarás se lhe rogas, não te perderás se nEla pensas. Se Ela te segurar a mão, não cairás; se te proteger, nada temerás; não te cansarás, se Ela for o teu guia; chegarás felizmente ao porto, se Ela te amparar”24.

Invocaremos o seu nome especialmente na Ave-Maria, e também nas demais orações e jaculatórias que a piedade cristã soube formular ao longo dos séculos, e que talvez as nossas mães nos tenham ensinado.

E além dos nomes de Jesus e Maria, o de José. “Se toda a Igreja está em dívida para com a Virgem Maria, já que por meio dEla recebeu Cristo, de maneira semelhante deve a São José uma especial reverência e gratidão”25.

Jesus, Maria e José, eu vos dou o meu coração e a minha alma. Jesus, Maria e José, assisti-me na minha última agonia. Quantos milhões de cristãos não terão aprendido dos lábios de suas mães estas jaculatórias ou outras semelhantes, repetindo-as até o fim dos seus dias! Não nos esqueçamos nós de recorrer diariamente, muitas vezes, a esta trindade da terra.

(1) Ronald Knox, Tiempos y fiestas del año litúrgico, págs. 64-65; (2) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 303; (3) cfr. Lc 2, 21; (4) Fil 2, 9-10; (5) Zac 14, 9; (6) Sl 113, 2-3; (7) Sl 9, 2; (8) cfr. Gên 17, 10-14; (9) Lc 2, 21; (10) São Tomás, Suma Teológica, 3, q. 37, a. 1; (11) cfr. At 15, 1 e segs.; (12) cfr. Rom 10, 9; (13) cfr. Jo 1, 12; (14) Jo 16, 23; (15) 1 Jo 2, 12; (16) cfr. 1 Cor 6, 11; (17) At 8, 12; (18) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, 45; (19) São Bernardo, Sermões sobre os cânticos, 15; (20) cfr. Lc 17, 13; (21) SãoJosemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 195; (22) São Bernardo, Sermões sobre os cânticos, 15; (23) Antífona da hora terceira, na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo; (24) São Bernardo, Homilia sobre a Virgem Mãe, 2; (25) São Bernardino de Sena, Sermão 2.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal