Santo Amaro
15 de Janeiro
Santo Amaro 
Santo Amaro é um monge do século VI que desde menino serviu à ordem dos Beneditinos. Foi confiado a São Bento, juntamente com o seu amigo Plácido, que também foi canonizado. Os meninos entraram para o mosteiro de Subiaco para estudarem e aprofundarem a sua fé em Deus.
Certo dia, São Bento estava a rezar enquanto Amaro se ocupava com as tarefas do mosteiro, e São Bento teve uma visão do menino Plácido, que tinha ido buscar água no riacho, a afogar-se. São Bento então chamou Amaro e avisou que o seu amigo estava a afogar-se e pediu a ele que corresse até lá e tentasse salvá-lo de qualquer forma. Santo Amaro apressou-se para salvar Plácido, e chegando ao riacho pronto para cumprir a tarefa que lhe havia pedido São Bento, caminhou sobre as águas e retirou de lá o amigo. Este foi seu primeiro milagre.
Pela sua prova de humildade e paciência, São Bento pediu que fosse a França e abrisse um mosteiro beneditino. O seu nome foi dado à Congregação Beneditina Francesa de Saint Maur, uma das mais importantes instituições católicas pela formação de seus monges. Santo Amaro faleceu no mosteiro francês aos setenta e dois anos, a 15 de janeiro de 567, depois de uma peste que também levou à morte muitos de seus monges.
Fonte: Site Arautos do Evangelho
15 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

1ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 3,1-10.19-20
Fala, Senhor que teu servo escuta.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 1 O jovem Samuel servia ao Senhor na presença de Eli. Naquele tempo a palavra do Senhor era rara e as visões não eram frequentes. 2 Aconteceu que, um dia, Eli estava dormindo no seu quarto. Seus olhos começavam a enfraquecer e já não conseguia enxergar. 3 A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel estava dormindo no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. 4 Então o Senhor chamou: ‘Samuel, Samuel!’ Ele respondeu: ‘Estou aqui’. 5 E correu para junto de Eli e disse: ‘Tu me chamaste, aqui estou’. Eli respondeu: ‘Eu não te chamei. Volta a dormir!’ E ele foi deitar-se. 6 O senhor chamou de novo: ‘Samuel, Samuel!’ E Samuel levantou-se, foi ter com Eli e disse: ‘Tu me chamaste, aqui estou’. Ele respondeu: ‘Não te chamei, meu filho. Volta a dormir!’ 7 Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se lhe tinha manifestado. 8 O Senhor chamou pela terceira vez: ‘Samuel, Samuel!’ Ele levantou-se, foi para junto de Eli e disse: ‘Tu me chamaste, aqui estou’. Eli compreendeu que era o Senhor que estava chamando o menino. 9 Então disse a Samuel: ‘Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala, que teu servo escuta!’ E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. 10 O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: ‘Samuel! Samuel!’ E ele respondeu: ‘Fala, que teu servo escuta’. 19 Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras. 20 Todo Israel, desde Dã até Bersabéia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 39,2.5. 7-8a. 8b-9. 10 (R. 8a. 9a)
R. Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade Senhor!
2 Esperando, esperei no Senhor,*
e inclinando-se, ouviu meu clamor.
5 É feliz quem a Deus se confia; +
quem não segue os que adoram os ídolos *
e se perdem por falsos caminhos. R.
7 Sacrifício e oblação não quisestes,*
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,+
holocaustos por nossos pecados,*
8a E então eu vos disse: ‘Eis que venho!’ R.
8b Sobre mim está escrito no livro:
9 ‘Com prazer faço a vossa vontade,*
guardo em meu coração vossa lei!’ R.
10 Boas-novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembleia; *
vós sabeis: não fechei os meus lábios! R.
Evangelho: Mc 1,29-39
Curou muitas pessoas de diversas doenças.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 29 Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31 E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37 Quando o encontraram, disseram: ‘Todos estão te procurando’. 38 Jesus respondeu: ‘Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim’. 39 E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Verônica de Binasco
14 de Janeiro
Santa Verônica de Binasco



14 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

1ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 1,9-20
O Senhor lembrou-se de Ana e ela
deu à luz um filho e chamou-o Samuel.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 9 Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. Ora, o sacerdote Eli estava sentado em sua cadeira à porta do templo do Senhor. 10 Ana, com o coração cheio de amargura, orou ao Senhor, derramando copiosas lágrimas. 11 E fez a seguinte promessa, dizendo: ‘Senhor Todo-poderoso, se olhares para a aflição de tua serva e te lembrares de mim, se não te esqueceres da tua escrava e lhe deres um filho homem, eu o oferecerei a ti por todos os dias de sua vida, e não passará navalha sobre a sua cabeça’. 12 Como ela se demorasse nas preces diante do Senhor, Eli observava o movimento de seus lábios. 13 Ana, porém, apenas murmurava; os seus lábios se moviam, mas não se podia ouvir palavra alguma. Eli julgou que ela estivesse embriagada, 14 por isso lhe disse: ‘Até quando estarás bêbada? Vai tirar essa bebedeira!’ 15 Ana, porém, respondeu: ‘Não é isso, meu senhor! Sou apenas uma mulher muito infeliz; não bebi vinho, nem outra coisa que possa embebedar, mas desafoguei a minha alma na presença do Senhor. 16 Não julgues a tua serva como uma mulher perdida, pois foi pelo excesso da minha dor e da minha aflição que falei até agora’. 17 Eli então lhe disse: ‘Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste’. 18 Ela respondeu: ‘Que tua serva encontre graça diante dos teus olhos’. E a mulher foi embora, comeu e o seu semblante não era mais o mesmo. 19 Na manhã seguinte, ela e seu marido levantaram-se muito cedo e, depois de terem adorado o Senhor, voltaram para sua casa em Ramá. Elcana uniu-se a Ana, sua mulher, e o Senhor lembrou-se dela. 20 Ana concebeu e, no devido tempo, deu à luz um filho e chamou-o Samuel, porque – disse ela – ‘eu o pedi ao Senhor’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: 1 Sm 2,1. 4-5. 6-7. 8abcd (R. Cf. 1a)
R. Meu coração se alegrou em Deus, meu Salvador.
1 ‘Meu coração exulta de júbilo no Senhor,
e minha fronte se eleva por meu Deus.
Minha boca desafia meus adversários,
porque me alegro na vossa salvação. R.
4 O arco dos fortes quebrou-se,
enquanto os fracos são revigorados.
5 Os saciados empregam-se pelo pão,
enquanto aos famintos não falta alimento.
A mulher estéril dá à luz sete vezes
enquanto a mãe fecunda fenece. R.
6 O Senhor é quem dá a morte e a vida,
faz descer à morada dos mortos e de lá voltar.
7 É o Senhor que torna pobre ou rico,
é ele que humilha e exalta. R.
8a Levanta do pó o necessitado
8b e do lixo ergue o indigente,
8c e o faz assentar entre os príncipes,
8d destinando-lhe um trono de glória. R.
Evangelho: Mc 1,21b-28
Ensinava como quem tem autoridade.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
21b Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei. 23 Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24 ‘Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus.’ 25 Jesus o intimou: ‘Cala-te e sai dele!’ 26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27 E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: ‘O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!’ 28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Filhos de Deus
TEMPO COMUM. PRIMEIRA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– O sentido da filiação divina define o nosso dia.
– Algumas conseqüências: fraternidade, atitude perante as dificuldades, confiança na oração.
– Co-herdeiros com Cristo. A alegria, uma antecipação da glória que não devemos perder por causa das contrariedades.
I. “EU, PORÉM, fui constituído por Ele rei sobre Sião, seu monte santo, para promulgar a sua Lei. Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu te gerei hoje (Sl 2, 6-7). A misericórdia de Deus Pai deu-nos por Rei o seu Filho [...]. Tu és meu filho: o Senhor dirige-se a Cristo e dirige-se a ti e a mim, se estamos decididos a ser alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o próprio Cristo”1; e isso é o que pretendemos, apesar das nossas fraquezas: imitar Cristo, identificar-nos com Ele, ser bons filhos de Deus ao realizarmos o nosso trabalho e as tarefas normais de todos os dias.
No domingo passado, contemplávamos Jesus que ia ter com João, como um entre tantos, para ser batizado no Jordão. O Espírito Santo pousou sobre Ele e ouviu-se a voz do Pai: Tu és o meu Filho muito amado2. Jesus Cristo é, desde sempre, o Filho Único de Deus, o Amado: nascido do Pai antes de todos os séculos [...], gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas foram feitas, tal como confessamos no Credo da Missa. Em Cristo e por Cristo – Deus e Homem verdadeiro – fomos feitos filhos de Deus e herdeiros do Céu.
Ao longo do Novo Testamento, a filiação divina ocupa um lugar central na pregação da boa nova cristã, como uma realidade bem expressiva do amor de Deus pelos homens: Vede que grande amor nos mostrou o Pai em querer que sejamos chamados filhos de Deus; e nós o somos realmente3. O próprio Jesus Cristo mostrou com muita freqüência esta verdade aos seus discípulos: de um modo direto, ensinando-os a dirigir-se a Deus como Pai4, indicando-lhes a santidade como imitação filial5; e também através de numerosas parábolas em que Deus é representado como pai. É-nos particularmente familiar a figura do nosso Pai-Deus na parábola do filho pródigo.
Pela sua infinita bondade, Deus criou e elevou o homem à ordem sobrenatural para que, com a graça santificante, pudesse penetrar na intimidade da Santíssima Trindade, na vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sem destruir, sem forçar a sua própria natureza de criatura. Mediante este precioso dom6, constituiu-nos seus filhos; a nossa filiação não é um simples título, mas uma elevação real, uma transformação efetiva do nosso ser mais íntimo. Por isso, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher [...], a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, posto que sois filhos, enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai! De maneira que já não és servo, mas filho, e, se filho, herdeiro pela graça de Deus7.
O Senhor ganhou para nós o Dom mais precioso: o Espírito Santo, que nos faz exclamar Abba, Pai!, que nos identifica com Cristo e nos torna filhos de Deus. “Ele nos diz: Tu és meu filho. Não um estranho, não um servo benevolamente tratado, não um amigo, o que já seria muito. Filho! Concede-nos livre trânsito para vivermos com Ele a piedade de filhos e também – atrevo-me a afirmar – a desvergonha de filhos de um Pai que é incapaz de lhes negar seja o que for”8.
Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu te gerei hoje. Estas palavras do Salmo II, que se referem principalmente a Cristo, dirigem-se também a cada um de nós e definem os nossos dias e a nossa vida inteira, se estivermos decididos – no meio das nossas fraquezas – a seguir Jesus, a procurar imitá-lo, a identificar-nos com Ele, nas nossas circunstâncias peculiares. Será muito conveniente que, ao menos em certas épocas, nos esforcemos por aprofundar nas conseqüências da nossa filiação divina e façamos dela objeto de uma atenção especial na nossa luta ascética e até do nosso exame particular.
II. A FILIAÇÃO DIVINA não é um aspecto mais da nossa vida: define o nosso próprio ser sobrenatural e determina a maneira de nos situarmos perante cada acontecimento; não é uma virtude particular que tenha os seus atos próprios, mas uma condição permanente do nosso ser, que afeta todas as virtudes9. Somos, antes de mais nada e sobretudo, filhos de Deus, em cada circunstância e em todas as atuações. Esta convicção domina a nossa vida e a nossa ação: “Não podemos ser filhos de Deus só de vez em quando, embora haja alguns momentos especialmente dedicados a considerá-lo, a compenetrarmo-nos desse sentido da nossa filiação divina que é a essência da piedade”10.
Se considerarmos com freqüência esta verdade – sou filho de Deus! –, se aprofundarmos no seu significado, o nosso dia se encherá de paz, de serenidade e de alegria. Apoiar-nos-emos resolutamente em nosso Pai-Deus, de quem tudo depende, tanto nas dificuldades como nas contradições, quando porventura tudo se tornar desabrido e custoso11. Voltaremos mais facilmente à Casa paterna, como o filho pródigo, quando nos tivermos afastado dela pelas nossas faltas e pecados; não perderemos de vista que o nosso Pai está sempre à nossa espera para nos dar um abraço, para nos devolver a dignidade de filhos caso a tenhamos perdido, e para nos cumular de bens numa festa esplêndida, ainda que nos tenhamos comportado mal, uma ou mil vezes.
A oração – como neste momento que dedicamos exclusivamente a Deus – será verdadeiramente a conversa de um filho com seu pai, que sabe que este o entende bem, que o escuta, que está atento à sua pessoa como nunca ninguém esteve. É um falar com Deus confiante, que nos move com freqüência à oração de petição porque somos filhos necessitados; uma conversa com Deus cujo tema é a nossa vida: “tudo o que nos palpita na cabeça e no coração: alegrias, tristezas, esperanças, dissabores, êxitos, malogros, e até os menores detalhes da nossa jornada. Porque teremos comprovado que tudo o que é nosso interessa ao nosso Pai Celestial”12.
E, à luz da nossa oração de filhos, descobriremos com outra profundidade que as pessoas com quem nos relacionamos têm também a Deus por Pai, isto é, que todos somos irmãos. É este o único fundamento da fraternidade que une os homens. Não se pode baseá-la apenas nos vínculos de família, de amizade, de pátria, de uma obra comum a realizar; não se pode invocar genericamente a “fraternidade universal” que deve reinar no gênero humano. Isso tudo é muito pobre e precário, se não mergulha as suas raízes na consciência de que somos filhos, e filhos amadíssimos, do nosso Pai-Deus. Por isso compreendemos que os pagãos comentassem dos primeiros cristãos, ao vê-los apoiarem-se uns aos outros, solidários na vida e na morte: “Vede como se amam; eles descobriram que são irmãos”13.
III. O FILHO É TAMBÉM herdeiro, tem como que um certo “direito” aos bens do pai; somos herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo14. O Salmo II, com o qual começamos esta oração, salmo da realeza de Cristo e da filiação divina, continua com estas palavras: Pede-me e eu te darei as nações por herança e estenderei os teus domínios até os confins da terra15.
Recebemos já nesta vida a antecipação da herança prometida: é o gaudium cum pace16, a alegria profunda de nos sabermos filhos de Deus, uma alegria que não se baseia nos nossos méritos, nem na saúde ou no êxito, nem sequer na ausência de dificuldades, mas que nasce da união com Deus. Alicerça-se na consideração de que o Senhor nos ama, nos acolhe, nos perdoa sempre... e nos preparou um Céu junto dEle para toda a eternidade. E perdemo-la quando deixamos cair no esquecimento a verdade consoladora de que temos o próprio Deus por Pai, e não descortinamos a sua Vontade, sempre sábia, providente e amorosa, nas dificuldades e contratempos que vêm com cada dia. O nosso Pai não quer que percamos esta alegria de raízes profundas; Ele deseja ver-nos sempre felizes, como os pais da terra desejam ver sempre contentes os seus filhos.
Além disso, com essa atitude serena e feliz perante esta vida, o cristão faz muito bem à sua volta. A alegria verdadeira é um admirável meio de apostolado. “O cristão é um semeador de alegria, e por isso realiza grandes coisas. A alegria é um dos poderes mais irresistíveis que há no mundo: acalma, desarma, conquista, arrasta. Uma alma alegre é um apóstolo: atrai os homens para Deus, manifestando-lhes o que o amor de Deus nela produz. Por isso o Espírito Santo nos dá este conselho: Não vos aflijais nunca, porque a alegria em Deus é a vossa força(Ne 8, 10)”17.
(1) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 185; (2) cfr. Mc 1, 9-12; (3) 1 Jo 3, 1; (4) cfr. Mt 6, 9; (5) cfr. Mt 5, 48; (6) cfr. F. Ocáriz, El sentido de la filiación divina, 2ª ed., EUNSA, Pamplona, 1985, pág. 173 e segs.; (7) Gal 4, 5-7; (8) São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 185; (9) cfr. F. Ocáriz, op. cit., pág. 193; (10) São Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristianismo, 3ª ed., Quadrante, São Paulo, 1986, n. 102; (11) Cfr. J. Lucas, Nosotros, hijos de Dios, Rialp, Madrid, 1973, pág. 103 e segs.; (12) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, Quadrante, São Paulo, 1979, n. 245; (13) Tertuliano, Apologético, 34, 7; (14) Rom 8, 17; (15) Sl 2, 8; (16) Missal Romano, Preparação para a Missa. Formula intentionis; (17) M. V. Bernadot, Da Eucaristia à Trindade.
A Chamada dos primeiros Discipulos
TEMPO COMUM. PRIMEIRA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
– O Senhor chama os discípulos no meio do seu trabalho, como também nos chama a nós nos nossos afazeres.
– A santificação do trabalho. O exemplo de Cristo.
– Trabalho e oração.
I. DEPOIS DO BATISMO, com o qual inaugura o seu ministério público, Jesus procura aqueles que fará participar da sua missão salvífica. E encontra-os no seu trabalho profissional. São homens habituados ao esforço, rijos, de costumes simples. Caminhando ao longo do mar da Galiléia, lê-se no Evangelho da Missa de hoje1, Jesus viu Simão e André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”. E muda a vida desses homens.
Os Apóstolos foram generosos perante a chamada de Deus. Esses quatro discípulos – Pedro, André, João e Tiago – já conheciam o Senhor2, mas é neste momento exato que, respondendo à chamada divina, decidem segui-lo completamente, sem condições, sem cálculos, sem reservas. A partir de agora, Cristo será o centro das suas vidas e exercerá sobre eles uma atração indescritível.
O Senhor procura-os no meio da sua tarefa quotidiana, tal como fez com os Magos ao chamá-los por meio daquilo que lhes podia ser mais familiar: o brilho de uma estrela; tal como o Anjo chamou os pastores de Belém, enquanto cumpriam o seu dever de guardar o rebanho, para que fossem adorar o Menino-Deus e acompanhassem Maria e José naquela noite...
No meio do nosso trabalho, dos nossos afazeres, Jesus convida-nos a segui-lo, para que o coloquemos no centro da nossa existência, para que o sirvamos na tarefa de evangelizar o mundo.
“Deus tira-nos das trevas da nossa ignorância, do nosso caminhar incerto por entre as vicissitudes da história, e, seja qual for o posto que ocupemos no mundo, chama-nos com voz forte, como o fez um dia com Pedro e com André: Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum (Mt 4, 19), segui-me, e eu vos tornarei pescadores de homens”3. Escolhe-nos e, na maioria dos casos, deixa-nos no lugar em que estamos: na família, no trabalho que realizamos, na associação cultural ou esportiva a que pertencemos..., para que nesse lugar e nesse ambiente o amemos e o demos a conhecer.
Desde o momento em que nos decidimos a ter Cristo por centro da nossa vida, tudo o que fazemos é afetado por essa decisão. Devemos perguntar-nos se somos conscientes do que significa termos sido chamados para crescer na amizade com Jesus Cristo precisamente no lugar em que estamos.
II. O SENHOR PROCURA-NOS e envia-nos ao nosso ambiente e à nossa profissão. Mas quer que agora esse trabalho quotidiano seja diferente. “Escreves-me na cozinha, junto ao fogão. Está começando a tarde. Faz frio. A teu lado, a tua irmãzinha – a última que descobriu a loucura divina de viver a fundo a sua vocação cristã – descasca batatas. Aparentemente – pensas – o seu trabalho é igual ao de antes. Contudo, há tanta diferença! – É verdade: antes “só” descascava batatas; agora, santifica-se descascando batatas”4.
Para nos santificarmos através dos afazeres do lar, das gazes e das pinças do hospital (com esse sorriso habitual para os doentes!), no escritório, na cátedra, dirigindo um trator, limpando a casa ou descascando batatas..., o nosso trabalho deve assemelhar-se ao de Cristo – a quem pudemos contemplar na oficina de José há poucos dias – e ao trabalho dos Apóstolos que hoje, no Evangelho da Missa, vemos ocupados em pescar. Devemos fixar a nossa atenção no Filho de Deus feito Homem enquanto trabalha e perguntar-nos: que faria Jesus no meu lugar? Como realizaria as tarefas que me absorvem?
O Evangelho diz-nos que o Senhor fez tudo bem feito5, com perfeição humana, sem coisas mal acabadas. Entregaria as encomendas no prazo combinado; arremataria o seu trabalho de artesão com amor, pensando na alegria dos seus clientes ao receberem peças simples, mas perfeitas; chegaria cansado ao fim do dia... Além disso, Jesus executou ainda as suas tarefas com plena eficácia sobrenatural, pois ao mesmo tempo, com esse trabalho, realizava a redenção da humanidade, unido a seu Pai por amor e com amor, e unido aos homens por amor deles também6.
Ainda que se ocupe num trabalho aparentemente pouco importante, nenhum cristão pode pensar que basta realizá-lo de qualquer maneira, de uma forma desleixada, descuidada e sem perfeição. Esse trabalho é visto por Deus e tem uma importância que nem podemos imaginar. “Perguntaste o que é que podias oferecer ao Senhor. – Não preciso pensar a minha resposta: as coisas de sempre, mas melhor acabadas, com um arremate de amor que te leve a pensar mais nEle e menos em ti”7.
III. PARA UM CRISTÃO que vive de olhos postos em Deus, o trabalho deve ser oração, pois seria uma pena que só descascasse batatas, em vez de santificar-se enquanto as descasca bem; deve ser uma forma de estar com o Senhor ao longo do dia.
Orar é conversar com Deus, elevar a alma e o coração até Ele para louvá-lo, agradecer-lhe, desagravá-lo, pedir-lhe novas ajudas. Pode-se fazê-lo por meio de pensamentos, de palavras, de afetos: é a chamada oração mental, que deve estar presente nas próprias orações vocais. Mas pode-se fazê-lo ainda através de ações capazes de mostrar a Deus quanto o amamos e quanto necessitamos dEle. Neste sentido, também é oração todo o trabalho bem acabado e realizado com senso sobrenatural8, isto é, com a consciência de se estar colaborando com Deus na perfeição das coisas criadas e de se estar impregnando todas elas com o amor de Cristo, completando assim a sua obra de redenção realizada não só no Calvário, mas também na oficina de Nazaré.
O cristão que estiver unido a Cristo pela graça converte as suas obras retas em oração. Mas o valor dessa oração que é o trabalho dependerá do amor que puser ao realizá-lo, isto é, da intenção com que o executar. Quanto mais atualizar a intenção de convertê-lo em instrumento de redenção, não só o realizará com outra perfeição humana, como será maior a ajuda que prestará a toda a Igreja.
Pela natureza de alguns trabalhos, que exigem uma grande concentração, não nos é fácil ter a mente habitualmente em Deus enquanto trabalhamos; mas, se nos acostumarmos a elevar o coração ao Senhor no começo de uma tarefa ou de um período de trabalho, e depois brevemente ao longo das horas, Ele estará presente como uma “música de fundo” em tudo o que fazemos.
Se desempenharmos assim as nossas tarefas, o trabalho e a vida interior não sofrerão interrupções, “como o bater do coração não interrompe a atenção às nossas atividades, seja de que tipo forem”9. Pelo contrário, acabarão por complementar-se, tal como se enlaçam harmonicamente as vozes e os instrumentos. O trabalho não só não dificultará a vida de oração, como se converterá no seu veículo. E há de tornar-se realidade então o que pedimos ao Senhor numa belíssima prece10: Actiones nostras, quaesumus, Domine, aspirando praeveni et adiuvando prosequere: ut cuncta nostra oratio et operatio a te semper incipiat et per te coepta finiatur – que todo o nosso dia, a nossa oração e o nosso trabalho, ganhem a sua força e comecem sempre em Vós, Senhor, e que tudo o que começamos por Vós chegue ao seu termo11.
Se Jesus Cristo, a quem constituímos como centro da nossa existência, estiver na raiz de tudo o que fazemos, ser-nos-á cada vez mais natural aproveitar todas as pausas que surgem em qualquer trabalho para que essa “música de fundo” se transforme numa autêntica canção. Ao mudarmos de atividade, ao pararmos com o carro diante do sinal vermelho de um semáforo, ao finalizarmos o estudo de uma matéria, enquanto não conseguimos uma ligação telefônica, ao devolvermos as ferramentas ao seu lugar..., aflorará essa jaculatória, esse olhar a uma imagem de Nossa Senhora ou ao Crucifixo, um pedido sem palavras ao Anjo da Guarda, que nos hão de reconfortar por dentro e nos hão de ajudar a prosseguir os nossos afazeres.
Como o amor é engenhoso, saberemos descobrir alguns “expedientes humanos”, alguns lembretes, que nos ajudem a não esquecer que temos de ir para Deus através das coisas humanas. “Coloca na tua mesa de trabalho, no teu quarto, na tua carteira..., uma imagem de Nossa Senhora, e dirige-lhe o olhar ao começares a tua tarefa, enquanto a realizas e ao terminá-la. Ela te alcançará – garanto! – a força necessária para fazeres, da tua ocupação, um diálogo amoroso com Deus”12.
(1) Mc 1, 14-20; (2) Jo 1, 35-42; (3) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, Quadrante, São Paulo, 1975, n. 45; (4) Josemaría Escrivá, Sulco, Quadrante, São Paulo, 1987, n. 498; (5) Mc 7, 37; (6) cfr. J. L. Illanes, A santificação do trabalho, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, 1982, págs. 70 e segs.; (7) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 495; (8) cfr. R. Gómez Pérez, La fe y los días, 3ª ed., Palabra, Madrid, 1973, págs. 107-110; (9) São Josemaría Escrivá, Carta, 15-X-1948; (10) Enchiridion indulgentiarum, Tip. Poliglota Vaticana, Roma, 1968, n. 1; (11) cfr. S. Canals, Reflexões espirituais, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, 1988, pág. 98; (12) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 531.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santo Hilário de Poitiers
13 de janeiro
Santo Hilário de Poitiers
Hilário era francês e teria nascido em 315. Sua família era rica e pagã. Ele recebeu uma boa educação e buscava, na filosofia, respostas para sua busca sobre a verdade, encontrando-as somente no Evangelho, o que o levou à conversão ao cristianismo. Seu batismo aconteceu aos 30 anos de idade. Com ele foram batizadas sua esposa e filha, Abrè. Desde então, hilário guiava sua família dentro dos ensinamentos cristãos.
A Igreja vivia um tempo de paz externa depois de um período de perseguições, mas precisava de um fortalecimento interno. Entretanto, alguns problemas ainda precisavam ser combatidos, como, por exemplo, a doutrina ariana, considerada herética, que negava a divindade Jesus Cristo.
Hilário era conhecido pela vida exemplar, bem como por seus conhecimentos espirituais e intelectuais. Por essa razão o clero queria o elegê-lo bispo. A decisão era difícil para ele, pois teria que abandonar parcialmente sua família. Mas ele aceitou o desafio. Ao ser sagrado bispo de Poitiers, impôs uma luta para acabar com o arianismo. Hilário debatia com os hereges e defendia sua fé, tornando-se conhecido e respeitado por suas convicções e argumentos. Por este motivo passou a ser chamado de “o Atanásio do Ocidente”.
Sua valentia e coragem no combate aos hereges fez com que a comunidade aumentasse o respeito a ele. Uma frase de sua própria autoria passou a defini-lo perante a sociedade: “Enganam-se os que acreditam que me farão calar. Falarei pelos escritos, e a palavra de Deus, que ninguém pode aprisionar, voará livre”.
Por causa de sua defesa do Evangelho, Hilário sofreu perseguição do imperadores e foi exilado para Oriente. Mas isso não o abalou. Ele aproveitava o tempo para estudar. Aprendeu o grego, conheceu as mais antigas comunidades cristãs e os ensinamentos dos sábios da Igreja. Assim, ele fortalecia sua missão a cada dia.
Durante o exílio que durou cinco anos, Hilário escreveu livros, dois deles contra os imperadores Constâncio e Auxêncio. Escreveu sobre a Santíssima Trindade, comentários dos Salmos e outras obras de interpretação. Seus estudos e escritos contribuíram intensamente para o aprofundamento e desenvolvimento da teologia da revelação.
Hilário se impressionou com a liturgia oriental. Porém, compôs alguns hinos litúrgicos que o ajudavam a se familiarizar com os fiéis, com a teologia, mantendo as pessoas mais unidas às celebrações. Ao retornar para a França e reassumir sua diocese, ofereceu aos fiéis tudo o que tinha aprendido no exílio.
Hilário faleceu em 367 e os fiéis já começaram a venerá-lo com o santo. Ele foi canonizado pelo Papa Pio IX e honrado com o título de “Doutor da Igreja”. Sua festa é celebrada no dia 13 de janeiro. Santo Hilário é o padroeiro dos combatentes de heresias e o defensor da seriedade na vivência do santo evangelho.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
13 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

1ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 1,1-8
Sua rival a magoava e atormentava, humilhando-a
pelo fato de o Senhor a ter tornado estéril.
Início do Primeiro Livro de Samuel
1 Havia um homem sufita, oriundo de Ramá, no monte Efraim, que se chamava Elcana, filho de Jeroam, filho de Eliú, filho de Tou, filho de Suf, efraimita. 2 Elcana tinha duas mulheres; uma chamava-se Ana e a outra Fenena. Fenena tinha filhos; Ana, porém, não tinha. 3 Todos os anos, esse homem subia da sua cidade para adorar e oferecer sacrifícios ao Senhor Todo-poderoso, em Silo. Os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram sacerdotes do Senhor naquele santuário. 4 Quando oferecia sacrifício, Elcana dava à sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas as porções que lhes cabiam. 5 A Ana, embora a amasse, dava apenas uma porção escolhida, pois o Senhor a tinha deixado estéril. 6 Sua rival também a magoava e atormentava, humilhando-a pelo fato de o Senhor a ter tornado estéril. 7 E isso acontecia todos os anos. Sempre que subiam à casa do Senhor, ela a provocava do mesmo modo. E Ana chorava e não comia. 8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse: ‘Ana, por que estás chorando e não te alimentas? E por que se aflige o teu coração? Acaso não sou eu melhor para ti do que dez filhos?’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 115, 12-13. 14.17. 18-19 (R. 17a)
R. Oferto ao Senhor um sacrifício de louvor.
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
12 Que poderei retribuir ao Senhor Deus *
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
13 Elevo o cálice da minha salvação, *
invocando o nome santo do Senhor. R.
14 Vou cumprir minhas promessas ao Senhor *
na presença de seu povo reunido.
17 Por isso oferto um sacrifício de louvor, *
invocando o nome santo do Senhor. R.
18 Vou cumprir minhas promessas ao Senhor *
na presença de seu povo reunido;
19 nos átrios da casa do Senhor, *
em teu meio, ó cidade de Sião! R.
Evangelho: Mc 1,14-20
Convertei-vos e crede no Evangelho!
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
14 Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!’ 16 E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17 Jesus lhes disse: ‘Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens’. 18 E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19 Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Jesus é Batizado. O nosso Batismo
DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA. BATISMO DO SENHOR
– Jesus quis ser batizado. Instituição do Batismo cristão. Agradecimento.
– Efeitos do Batismo: limpa o pecado original, nova vida, filiação divina, etc.
– Incorporação à Igreja. Chamada à santidade e ao apostolado. Batismo das crianças.
I. NA SOLENIDADE DE HOJE, comemoramos o batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão. Sem ter mancha alguma que purificar, Jesus quis submeter-se a esse rito tal como se submetera às observâncias da Lei de Moisés, que também não o obrigavam.
O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”1. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo o poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo2.
O dia em que fomos batizados foi o mais importante da nossa vida, pois nele recebemos a fé e a graça. Assim como “a terra árida não dá fruto se não recebe água, assim também nós, que éramos como lenha seca, nunca daríamos frutos de vida sem esta chuva gratuita do alto”3. Antes de recebermos o batismo, todos nós nos encontrávamos com a porta do Céu fechada e sem nenhuma possibilidade de dar o menor fruto sobrenatural.
A nossa oração pode ajudar-nos hoje a agradecer por termos recebido esse dom imerecido e a alegrar-nos por tantos bens que Deus nos concedeu. “A gratidão é o primeiro sentimento que deve nascer em nós da graça batismal”4.
Devemos agradecer a Deus que nos tenha purificado a alma da mancha do pecado original, bem como de qualquer outro pecado que tivéssemos naquele momento. Todos nós somos membros da família humana, que foi danificada na sua origem pelo pecado dos nossos primeiros pais. Este “pecado original transmite-se juntamente com a natureza humana, por propagação, não por imitação, e está em cada um como algo próprio”5. Mas Jesus dotou o Batismo de uma eficácia especialíssima para purificar a natureza humana e libertá-la desse pecado com que nascemos. A água batismal significa e atualiza de um modo real o que é evocado pela água natural: a limpeza e a purificação de toda a mancha e impureza6.
“Graças ao sacramento do Batismo tu te converteste em templo do Espírito Santo: não te passe pela cabeça – exorta-nos São Leão Magno – afugentar com as tuas más ações um hóspede tão nobre, nem voltar a submeter-te à servidão do demônio, porque o teu preço é o sangue de Cristo”7.
II. DEUS ETERNO e todo-poderoso, que, quando Cristo foi batizado no Jordão, e sobre ele pairou o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, a perseverança contínua no vosso amor8.
O Batismo iniciou-nos na vida cristã. Foi um verdadeiro nascimento para a vida sobrenatural. É a nova vida pregada pelos Apóstolos e da qual Jesus falara a Nicodemos: Em verdade te digo que quem não nascer do alto não poderá ver o Reino de Deus... O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito9. O resultado desta nova vida é uma certa divinização do homem e a capacidade de produzir frutos sobrenaturais.
A nossa dignidade mais alta – a condição de filhos de Deus, que nos é comunicada ao sermos batizados – é conseqüência dessa nova geração. Se a geração humana dá origem à “paternidade” e à “filiação”, de maneira semelhante aqueles que são gerados por Deus são realmente seus filhos: Vede que amor nos teve o Pai em querer que nos chamássemos filhos de Deus, e que o sejamos realmente! Caríssimos, agora nós somos filhos de Deus...10
No momento do batismo, pela efusão do Espírito Santo, produz-se, pois, o milagre de um novo nascimento. Numa das orações que se rezam quando a água batismal é abençoada na noite da Páscoa, pede-se que assim como o Espírito Santo desceu sobre Maria e produziu nEla o nascimento de Cristo, da mesma forma desça Ele sobre a sua Igreja e produza no seu seio materno (a pia batismal) o renascimento dos filhos de Deus. Estas palavras tão expressivas correspondem a uma profunda realidade: o batizado renasce para uma vida nova, a vida de Deus, e por isso é seu “filho”. E se somos filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo11.
Agradeçamos ao nosso Pai-Deus que tenha querido conceder-nos dons tão incomensuráveis, tão fora de qualquer padrão. Como pode fazer-nos bem considerar freqüentemente estas realidades! “«Padre» – dizia-me aquele rapagão (que será feito dele?), bom estudante da [Universidade] Central –, «estava pensando no que o senhor me falou..., que sou filho de Deus! E me surpreendi, pela rua, de corpo «emproado» e soberbo por dentro... Filho de Deus!» – Aconselhei-o, com segura consciência, a fomentar a «soberba»”12.
III. NA IGREJA, ninguém é um cristão isolado. A partir do batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. “Foi vontade de Deus que a santificação e a salvação dos homens não se dessem isoladamente, sem nenhuma conexão entre uns e outros, mas constituindo todos um povo que o confessasse em verdade e o servisse santamente”13. Ora, o Batismo é a porta por onde se entra na Igreja14.
“E na Igreja, precisamente pelo Batismo, somos todos chamados à santidade”15, cada um no seu próprio estado e condição. “A chamada à santidade e a conseqüente exigência de santificação pessoal são universais: todos, sacerdotes e leigos, estamos chamados à santidade; e todos recebemos, com o batismo, as primícias dessa vida espiritual que, por sua própria natureza, tende à plenitude”16.
Outra verdade intimamente unida a esta, a da condição de membros da Igreja, é a do caráter sacramental do Batismo, “um certo sinal espiritual e indelével” impresso na alma17. É como um selo que exprime o domínio de Cristo sobre a alma do batizado. Cristo tomou posse da nossa alma no momento em que fomos batizados. Ele nos resgatou do pecado com a sua Paixão e Morte.
Com estas considerações, compreendemos bem por que é de desejar que as crianças recebam sem demora esses dons de Deus18. Desde sempre a Igreja pediu aos pais que batizassem os seus filhos quanto antes. É uma demonstração prática de fé. Não é um atentado contra a liberdade da criança, da mesma forma que não foi uma ofensa dar-lhe a vida natural, nem alimentá-la, limpá-la, curá-la, quando ela própria não podia pedir esses bens. Pelo contrário, a criança tem direito a receber essa graça. No Batismo está em jogo um bem infinitamente maior do que qualquer outro: a graça e a fé; talvez a salvação eterna. Só por ignorância e por uma fé adormecida se pode explicar que muitas crianças sejam privadas pelos seus próprios pais, já cristãos, do maior dom da sua vida.
A nossa oração dirige-se hoje a Deus, para que não permita que isso aconteça. Que bom apostolado podemos e devemos fazer, em tantos casos, com amigos, colegas, conhecidos...
(1) Santo Agostinho, Sermão 51, 33; (2) Mt 28, 18-19; (3) Santo Irineu, Tratado contra as heresias, 3, 17; (4) Columba Marmion, Le Christ, vie de l’âme, Abbaye de Maredsous, 1933, págs. 186 e 203-204; (5) Paulo VI, Credo do povo de Deus, Roma, 1967, 16; (6) cfr. 1 Cor 6, 11; Jo 3, 3-6; (7) São Leão Magno, Homilia de Natal, 3; (8)Coleta da Missa do domingo depois da Epifania; (9) Jo 3, 3-6; (10) cfr. 1 Jo 3, 1-9; (11) cfr. Rom 8, 14-17; (12) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 274; (13) Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 9; (14) cfr. ibid., 14; Decreto Ad Gentes, 7; (15) cfr. ibid., 11 e 42; (16) A. del Portillo, Escritos sobre o sacerdócio, 5ª ed., Palabra, Madrid, 1979, pág. 111; (17) Dz, 852; (18) Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução, 20-X-1980; cfr. Código de Direito Canônico, c. 867.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
12 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

Batismo do Senhor – Tempo do Natal – Ano A
Cor: Branca
1ª Leitura: Is 42, 1-4.6-7
“Eis o meu servo: nele se compraz minh’alma.”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Assim fala o Senhor: 1′ Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu eleito – nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. 2 Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. 3 Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. 4 Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos.’ 6 ‘Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7 para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R. 11b)
R. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
1a Filhos de Deus, tributai ao Senhor,*
tributai-lhe a glória e o poder!
2 Dai-lhe a glória devida ao seu nome;*
adorai-o com santo ornamento! R.
3a Eis a voz do Senhor sobre as águas,*
3c sua voz sobre as águas imensas!
4 Eis a voz do Senhor com poder!*
Eis a voz do Senhor majestosa. R.
3b Sua voz no trovão reboando!*
9b No seu templo os fiéis bradam: ‘Glória!’
10 É o Senhor que domina os dilúvios,*
o Senhor reinará para sempre! R.
2ª Leitura: At 10, 34-38
“Foi ungido por Deus com o Espírito Santo.”
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias: 34 Pedro tomou a palavra e disse: ‘De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. 35 Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. 36 Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa-Nova da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. 37 Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: 38 como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mt 3, 13-17
“Depois de ser batizado,
Jesus viu o Espírito de Deus pousando sobre Ele”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 13 Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. 14 Mas João protestou, dizendo: ‘Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ 15 Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir toda a justiça!’ E João concordou. 16 Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. 17 E do céu veio uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado’.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!