24 de Dezembro

São Charbel Makhlouf 

Ermitão do rito católico maronita, é o primeiro libanês canonizado pela Sé Apostólica nos tempos modernos,  09 de outubro de 1977 pelo Papa Paulo VI.

Grande amante da Eucaristia e da Virgem Santíssima. Exemplo de vida consagrada e de ermitão. Deus quis manifestar sua glória por meio desse humilde eremita. Grande quantidade de milagres ocorrem por sua intercessão. Diz-se no Oriente que numerosas de suas imagens milagrosamente produzem azeite de oliva, que se utiliza na oração pelos enfermos.

Além de ser bem conhecido no Oriente Médio e em toda a Igreja, na América é particularmente venerado no México a  partir da imigração maronita que começou no século XIX. Sua devoção e propaga na atualidade mui rapidamente pelo número crescente de milagres atribuídos à sua intercessão. Parece que Deus deseja utilizar este santo com o sinal de  seu desejo de  unificar o Oriente com o Ocidente.

Nasceu no povoado de Beka’kafra,  a 140 km do Líbano, capital libanesa, em  08 de maio de 1828. Era o quinto filho de Antun Makhlouf o Brigitte Chidiac, uma piedosa família campesina. Foi batizado após oito dias na Igreja de Nossa Senhora, em sua cidade natal, recebendo por nome Yusef (José).  Aos três anos o pai de Yusef foi inscrito no exército turco na guerra contra os egípcios e morreu quando regressava para casa. Sua mãe foi quem cuidou da família, sendo um exemplo de virtude e de fé. Passado algum tempo, ela casou-se de novo com um homem devoto que posteriormente iria ser ordenado sacerdote. (No rito maronita, homens casados podem ser escolhidos para o sacerdócio).

Yusef ajudou a seu padrasto no ministério sacerdotal. Já desde jovem era ascético e de profunda oração. Yusef estudou na pequena escola paroquial do povoado. À idade de 14 anos foi pastor de ovelhas, quando aperfeiçoou-se na oração. Retirava-se com freqüência a uma cova que descobriu próxima às pastagens para adentrar-se em horas de oração. Por isso, era alvo de zombaria de outros jovens pastores. Dois de seus tios maternos eram ermitãos pertencentes à Ordem Libanesa Maronita. Yusef acudia a eles com freqüência para aprender sobre a vida religiosa e especialmente a vida monástica.

Aos 20 anos de idade, Yusef é o sustento da sua casa. Sendo o tempo de  contrair matrimônio, sente-se chamado à outro tipo de vida. Depois de três anos de espera, escutou a voz do Senhor: “Deixa tudo, vem e segue-me”.  Assim,  numa manhã do ano 1851 se  dirige ao convento de Nossa Senhora de Mavfouq, onde foi recebido como postulante. Ao entrar no noviciado, renuncia ao seu nome batismal e escolhe como nome de consagração: Sharbel.

Algum tempo depois  foi enviado ao Convento de Annaya, onde professou os votos perpétuos como monge, em 1853. O enviaram imediatamente ao Mosteiro de São Cipriano de Kfifen, onde realizou seus estudos de filosofia e teologia, levando uma vida exemplar de oração e apostolado, entre estes, o cuidado dos  enfermos, o pastoreio das  almas e  o trabalho manual em coisas  mui humildes.

Sharbel  recebeu autorização para a  vida ermitã em 13 de fevereiro de 1875. Deste momento até sua morte, ocorrida na ermida dos Santos Pedro e  Paulo  na véspera de Natal do ano 1898,  dedicou-se inteiramente à oração (rezava 7 vezes ao dia a Liturgia das Horas), as asceses, a penitência e o trabalho manual. Comia uma vez ao dia e levava consigo o cilício.

O padre Sharbel alcançou a  celebridade depois de sua morte, ocorrida em 24 de dezembro de 1898. Deus quis assinalar a este santo numerosos prodígios: Seu corpo se mantém incorrupto e seu sangue, ocorrem prodígios de luz, constatados por muitas pessoas. O povo venerava como santo, ainda que a hierarquia e seus próprios superiores, proibissem seu culto formal enquanto a Igreja não pronunciasse  seu veredicto.

Dado o  constante culto do povo, o Padre Superior Geral Ignácio Dagher  solicitou ao Papa Pio XI em 1925, a abertura do processo de beatificação do Padre Sharbel. Foi beatificado durante o fechamento do Concílio Vaticano II, em 5 de dezembro de  1965, pelo Papa Paulo VI, que disse: “Um ermitão da  montanha libanesa está inscrito no número dos Bem-Aventurados… Um novo membro da santidade monástica enriquece com seu exemplo e com sua intercessão a todo o povo cristão. E pode nos fazer entender, em um mundo fascinado pelas comodidades e pela riqueza, o grande valor da pobreza, da penitência e do ascetismo, para libertar a  alma em sua ascensão a Deus”.

Em 09 de outubro de 1977, durante o Sínodo Mundial dos Bispos, o Papa canonizou ao P. Sharbel com a seguinte proclama:

“Em honra à Santa e Individual Trindade, para a exaltação da fé católica e promoção da vida cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de madura deliberação e após implorar intensamente a ajuda divina… decretamos e definimos que o beato Sharbel Makluf é SANTO, e o inscrevemos no catálogo dos santos, estabelecendo que seja venerado como santo com piedosa devoção em toda a Igreja. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Fonte: Na luz Perpétua,  5ª.  ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas  Gerais,  1959.